Os Açores vão acolher a “primeira missão espacial análoga a Marte” realizada em Portugal. Designado Projeto CAMões – Cave Analog Mission for Ocean, Earth and Space Exploration, o programa vai decorrer de 22 a 28 de novembro, na Gruta do Natal, na Ilha Terceira.
O anúncio do lançamento deste projeto foi feito em junho na GLEX Summit, a maior cimeira de exploradores, em Angra do Heroísmo. O projeto CAMões é promovido pela Associação ‘Os Montanheiros’, que gere a Gruta, e pelo INESC TEC e será oficialmente apresentado no dia 8 de novembro, nas instalações do Laboratório de Robótica e Sistemas Autónomos do instituto.
Ana Pires, investigadora do INESC TEC e comandante da missão explicou que “o que vai acontecer é uma simulação lunar. Ou seja, é um treino espacial. Vamos passar sete dias e seis noites nesta gruta vulcânica a simular um ambiente lunar”. A investigadora afirmou que se trata da “primeira missão análoga lunar em Portugal”, explicando que a Gruta do Natal está aberta ao público e “oferece todas as condições e segurança” para o treino. A esperança é que, em 2024, a Gruta do Natal seja um novo local para missões semelhantes.
A tripulação desta primeira missão é composta por uma equipa de sete pessoas, de cinco países, fluentes em oito idiomas. Irão ser realizados estudos em vários setores, treinos, testes de tecnologias, recolhas de dados, entre outras atividades científicas. Do lado de fora vai estar uma equipa de especialistas em espeleologia, vulcanismo, microbiologia, geoquímica e medicina espacial que atuará como ‘mission control’. Em permanência estará um grupo médico multidisciplinar, voluntário no projeto.
Ana Pires revelou que “das sete pessoas na gruta, três são mulheres”. A comandante da missão revelou que o projeto tem “uma forte componente pedagógica” pois levará a missão “às escolas do continente, Açores e Estados Unidos”, através de videoconferência, “a partir da gruta”.
João Claro, CEO do INESC TEC, destaca que “este será um marco no posicionamento de Portugal nesta área”, considerando que se trata de uma iniciativa de “grande envergadura que demonstra o potencial do país, não só em termos de recursos naturais e geológicos, com altos níveis de fidelidade, mas também ao nível da capacidade das instituições e dos nossos investigadores”.