Factualidades

Factualidades é o espaço da PGJ, onde xs estudantes fazem o seu trabalho diário e funciona como local de treino do jornalismo.

Revolucionar o Jornalismo: O Impacto da Inteligência Artificial no Futuro das Notícias

As novas habilidades e os desafios para o ensino da próxima geração de jornalistas estiveram em discussão no ISCTE-IUL no dia 31 de março. O debate decorreu no âmbito do evento multiplicador final do projeto Newsreel 2.

O projeto Newsreel nasceu da necessidade de consolidar conhecimentos de inteligência artificial com o jornalismo. Na passada quinta-feira, dia 31 de março, teve lugar no Auditório B104 do ISCTE, a última edição do Newsreel 2 que contou com convidados que eram professores, jornalistas e data analytics.

O evento foi aberto com a apresentação do projeto pela Annamari Torbó, da Universidade de Pécs, na Hungria. Annamari falou sobre as skills essenciais para futuros jornalistas e como devem ser ensinados. Apresentou, também, os resultados do The Newsreel 2 Project

Nesta primeira pesquisa, desenvolveram nove syllabi (sumário com um programa de estudos) para os cursos universitários; um para cada projeto. Foi realizada uma escola de verão com a duração de 5 dias com um programa intensivo para estudantes de média e de jornalismo, onde o objetivo era encorajar os profissionais dos media a contribuir para a indústria para torná-la diversificada, equitativa, autêntica e divertida.

Para esse efeito, foi criado um “teaching guide” que inclui os conteúdos mais importantes para o ensino de ferramentas de IA (inteligência artificial), bem como para serem, posteriormente, utilizados por profissionais da área. 

A apresentação que se seguiu foi dirigida por Raluca Radu e por Antonia Matei, da Universidade de Bucareste, na Romênia. O tema do projeto era a Verificação e Desmascaramento numa situação de crise e focaram-se nas fake news e na desinformação. 

Ao comentarem sobre as fake news, utilizaram a expressão “tsunami de desinformação”, para descrever os tempos que vivemos na era digital.

Antonia e Raluca acrescentaram, ainda, que “as pessoas não estão a confiar nos jornalistas nem nos media e temos de mudar isso”. Falaram também da importância de procurar a fonte do conteúdo para percebermos se é fidedigno e verdadeiro.

O projeto “Debunking disinformation” pretende ajudar os estudantes a ter um conhecimento sólido sobre os mecanismos utilizados, a fim de alertar as pessoas acerca da desinformação de uma forma efetiva. “A necessidade de combater a desinformação é alta, mas a resistência, por vezes, é ainda maior”, afirmaram.

A terceira apresentação do dia teve como temática “melhorar a sensibilidade democrática num ambiente fragmentado dos meios de comunicação”. Tendo como oradora, Klara Smejkal, da Universidade de Masaryk, da República Checa. Colocou-se a questão de como consegue a media defender a democracia, se esta ainda pertence a milionários.

O objetivo do curso é discutir três pontos chave: O papel dos media numa sociedade democrática; o poder dos media numa sociedade democrática e a responsabilização dos meios de comunicação em sociedades democráticas.

Rita Glozer da Universidade de Pécs, na Hungria, falou sobre o desenvolvimento curricular e as experiências-piloto de ensino sobre a narração de histórias nos meios de comunicação social. No curso que apresentaram, salientaram que a aquisição de competências para o jornalismo de social media não está ainda incluído no jornalismo educacional.

Começaram por identificar e analisar as tendências mais relevantes sobre o jornalismo nas redes sociais e, depois, aplicaram os resultados dessa análise. Decidiram focar no Instagram pelo facto de o vídeo de storytelling ser popular nesta rede.

A quinta apresentação teve como tema “Ensino de cobertura estrangeira: Concentração nos desafios e inovações no terreno”. Quem veio falar deste tópico foi Dominik Speck, do Instituto para Jornalismo Internacional Erich Brost, na Alemanha. 

O investigador referiu que o curso é importante pelo facto de “o tema ser um clássico e suscitar sempre o interesse dos alunos”.

(Ana Pinto-Martinho e Miguel Crespo)

Ana Pinto-Martinho e Miguel Crespo, docentes do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, Portugal, fizeram uma apresentação sobre “Algoritmos, Jornalismo Robótico e Inteligência Artificial”. Para Ana e Miguel, era importante explicar a necessidade de estudar este tópico. “A inteligência artificial está nos trends e ainda não há muitos programas que insiram automação e IA no currículo”, referiram.

Após um coffee break, aconteceu o primeiro painel de discussão com perguntas e respostas. Como oradores estavam: Paulo Nuno Vicente, da ICNOVA/NOVA Media Lab, da Universidade NOVA de Lisboa; Luís António Santos do CECS, da Universidade do Minho; Ana Pinto-Martinho do Iscte e, como moderador da discussão, Gustavo Cardoso, que também pertence ao Iscte.

O tema deste “Perguntas e Respostas” era “Ensino da Inteligência Artificial no Jornalismo: Desafios”. Começou por se debater como a Inteligência Artificial tem efeitos permanentes no jornalismo, bem como o seu problema ético. O que significa que temos de ter em consideração os riscos éticos e deontológicos, o que é o efeito permanente e as oportunidades e os riscos da sua utilização.

Foi discutido como o online é “apenas a presença parcial de Inteligência Artificial” e como as plataformas de rede influenciam e mudam o modo como o jornalismo funciona e a sua produção. Contudo, existem riscos na sua implementação. Por isso, existe a necessidade de ter ferramentas específicas para desenvolver uma nova mentalidade e uma regulamentação para a sua utilização.

A IA está a ser usada como um termo geral para sistemas que não são exatamente Inteligência Artificial, daí a necessidade de definir o que é realmente a IA.

Ao trazer este tema para o contexto universitário, o objetivo foi perceber o que não se deve fazer e como não o devemos substituir. Com isto, querem dizer que o mundo vai ser um desafio e os estudantes precisam de desenvolver um pensamento crítico. É preciso aprender com o passado, aprender com os erros e tirar partido disso para não voltar a repeti-los.

Atualmente muitos são os jornalistas que ainda têm uma má relação com as ferramentas web. Assim, existe uma necessidade de as redações arranjarem soluções rápidas para eventuais problemas. Vemos que, para as organizações jornalísticas é um desafio aplicar uma abordagem interdisciplinar.

A reflexão que fica após o debate, é que há determinados conhecimentos que não devemos perder, tal como, a memória da história de como tudo começou. Os estudantes têm de compreender onde é que as redes sociais começaram e como as pessoas as encararam.

Inteligência Artificial e Jornalismo: Ameaças e Oportunidades

(Nic Newman em conferência zoom)

A tarde iniciou-se com uma apresentação do jornalista e investigador do Instituto da Reuters, na Universidade de Oxford, Nic Newman, abordando a temática “Inteligência Artificial e Jornalismo: Ameaças e Oportunidades”, através da plataforma Zoom.

Newman afirmou que o jornalismo já passou por várias disrupções e que a chegada da Inteligência artificial é apenas mais uma.

Para o jornalista, nos últimos anos as empresas de media estão a utilizar esta tecnologia em cinco ramos diferentes:

  • Recomendações automáticas 
  • Usos comerciais 
  • Automatização das redações de notícias
  • Recolha de notícias
  • E o jornalismo robótico

O uso destes sistemas pelos jornalistas assenta numa base de páginas iniciais automatizadas e otimizadas para gerar o maior número de clicks e visibilidade, tradução de línguas e transcrição de linguagem para texto (Speech to text – AI transcription).

Nic refere que a utilização destas IA deve fazer-nos refletir sobre questões de direitos de autor. Será que estes sistemas têm direitos a eles? Colocam-se também questões de transparência. O que é produzido por nós? O que é produzido por IA?

Com a chegada destes sistemas, chegam também riscos, tais como a criação e a disseminação de desinformação, a ameaça da iliteracia digital, e o facto de não existir neste momento qualquer tipo de regulação sobre as IA.

O jornalista sublinha que é importante a sociedade perceber que também estas IA estão a cometer erros, e dá como exemplo o ChatGPT, que está programado para responder sempre às questões que lhe são colocadas, mesmo que implique dar respostas erradas.

Newman encerra este painel apontando que, ao mesmo tempo, estas IA permitem-nos focar nas tarefas que não podem ser automatizadas, como por exemplo, a interação humana e a reportagem. Ele aponta que com o uso destes sistemas, o nosso trabalho se torna mais eficiente e que a nossa produção, edição, e criação de conteúdo se torna mais relevante e mais acessível à nossa audiência.

A otimização de tempo e a preguiça generalizada

Às 15h:45min o painel de discussão sobre “Inteligência artificial e jornalismo: práticas e desafios” contou com a participação de Alexandra Luís, jornalista da agência Lusa, Rui Barros, jornalista do jornal Público e João Tomé, analista de dados da CloudFlare. O painel foi moderado por Miguel Crespo, jornalista e docente do ISCTE.

Os participantes abordaram o uso de inteligência artificial nos media, desde programas de transcrição e legendagem até a utilização de Inteligência artificial para catalogar 15 mil contratos. Todos concordaram que as ferramentas de inteligência artificial são um auxílio ao jornalismo, mas Rui Barros alerta que pode ter o efeito preguiça generalizada na realização de tarefas e aprendizagem, pela facilidade em que as respostas são dadas pela IA. Além disso, todos os oradores enfatizaram a importância de verificar informações e manter a reputação do jornalismo como fonte confiável de informação.

O painel também debateu a ameaça do clickbait e das notícias em pequeno formato para o pensamento crítico. Em geral, os participantes concordaram que a IA pode ajudar o jornalismo a ser mais eficiente e a fornecer informações mais precisas, mas é preciso manter o rigor jornalístico e a ética para manter a reputação do meio.

(Miguel Crespo à esquerda; Alexandra Reis, no centro esquerda; Rui Barros no centro direita; João Tomé esquerda)

O evento não terminou sem que antes Ana Pinto-Martinho, docente do ISCTE, apresentasse uma breve sintetização dos conteúdos abordados no projeto e agradecesse à audiência pela sua presença e envolvimento no projeto. 

Assista à entrevista que Ana Pinto Martinho deu aos alunos da pós-graduação, onde falou sobre o evento Newsreel 2:

E, assim, chegou ao fim o projeto Newsreel 2. 
Se quiser saber mais informações sobre o projeto The Newsreel, clique no links em seguida:

Tiktok da pós-graduação: https://www.tiktok.com/@pgjornalismo?_t=8bA0wmb7f3b&_r=1 
Site do Newsreel: https://newsreel.pt/ 
Instagram do Newsreel:  https://www.instagram.com/thenewsreelproject/ 
Facebook do Newsreel: https://www.facebook.com/thenewsreelproject 

Por: Ana Rita Cunha, Carolina Piedade, Carolina Neves Carvalho, Francisca Gonçalves, Mateus Lino.

Posted by Carolina Piedade in Temporada 2022/2023

Aumento do custo de produção reduz venda de jornais

Há cada vez menos pessoas a ler jornais. O aumento dos custos de produção, motivado pela inflação, reduziu o poder de compra de vários leitores.

Natural de Lisboa, Vítor Pinheiro, de 71 anos, é um dos afetados pela subida dos preços. De consumidor diário de jornais, passou a comprar apenas dois exemplares por semana, optando por um generalista e um desportivo. 

Por outro lado, o consumo de Carlos Costa, professor de matemática em Lisboa, mantém-se. Apesar de reconhecer uma diminuição de compra generalizada porque “as pessoas têm prioridades”, continua a adquirir a sua edição de preferência ao fim de semana.

O Quiosque Paulo Pereira, na Avenida dos Estados Unidos, em Lisboa, reflete a escalada da inflação no setor da imprensa. Se a pandemia fez aumentar o preço dos jornais em 10 cêntimos, no cenário atual a situação agrava-se. De 1,30€, um jornal diário passou para 1,50€.

O proprietário sentiu em primeira mão a redução das vendas. “Antes vendia 30 exemplares do Correio da Manhã e agora só 10 ou 15”, confessou.

Em causa está o aumento dos custos de produção e de matérias-primas como o papel e a tinta no contexto da escalada da inflação, que bate recordes de mês para mês. Contudo, de acordo com o Público, o aumento do preço do produto final é “insuficiente para equilibrar o impacto da subida do custo do papel nas receitas do jornal”.

Aumento dos custos de produção: uma realidade incontornável 

João Oliveira, Designer Gráfico da Gráfica Simões e responsável pela produção e impressão de jornais locais, conta ao ISCTE que a crise económica e as pressões inflacionistas têm impactado bastante os custos de produção, nomeadamente devido à subida do preço do papel.

João Oliveira afirma que, antes da inflação, o preço do papel para imprimir jornais e revistas “custava cerca de 5/6 euros”, mas este valor “agora está praticamente no dobro, situando-se atualmente na ordem dos 11 euros.”

Com a atual crise económica e financeira, a impressão de um jornal na Gráfica Simões custa agora “um terço a mais”, em comparação aos anos transatos de 2020 e 2021.    

Outro aspeto importante sublinhado por João Oliveira diz respeito aos custos de eletricidade. O Designer Gráfico admite que “os custos elevados da eletricidade também têm impactado o preço final dos jornais. As máquinas para produzir as chapas offset e para fazer as impressões gastam bastante eletricidade (…) Precisamos de cerca de 4 máquinas diferentes para produzir um jornal.”

As palavras de João Oliveira remetem-nos, precisamente, para uma notícia veiculada pelo Jornal Dinheiro Vivo em novembro de 2021. Segundo este órgão de comunicação social, o preço do papel de jornal e de revistas “disparou nos mercados internacionais e, tudo indica, que irá continuar a subir. A escassez de produto, que se alia ao aumento dos custos da energia, das matérias-primas e da distribuição, criou uma tempestade perfeita que está a preocupar as gráficas e os meios de comunicação social.”

O jornal digital sublinha ainda que, em Portugal, não existem fábricas que produzam papel de jornal, devido à pequena dimensão do setor, pelo que a imprensa portuguesa “está totalmente dependente da importação e destas oscilações de mercado.”

Em entrevista ao Dinheiro Vivo, Paulo Dourado, da Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel (APIGRAF), afirma que esta indústria está a sentir “a pressão do aumento do preço das matérias-primas, nomeadamente do papel, tal como de outros fatores, como a energia.”

Francisco Gomes da Silva, Diretor Geral da Associação da Indústria Papeleira (CELPA), avança também ao Dinheiro Vivo que este setor tem verificado “impactos quer nos preços da energia adquirida nos mercados, quer nos diversos custos dependentes da energia e dos combustíveis, como é o caso dos transportes e de toda a logística e operações”.

Em entrevista ao Dinheiro Vivo em março de 2022, Francisco Correia, gerente de uma das maiores fabricantes ibéricas de produtos de papelaria e embalagem (a Ancor), admitiu que os preços do papel atingiram “máximos históricos (…)”.

Fernanda Quintas, funcionária Administrativa da Gráfica Diário do Minho, conta ao ISCTE que a empresa gráfica faz a impressão de mais de 50 jornais locais e regionais e que os custos de produção têm aumentado substancialmente nos últimos tempos, sobretudo devido ao contexto da inflação e da crise económica em Portugal.

A funcionária administrativa descreve a situação atual como “muito preocupante” e afirma que “(…) os custos de produção têm aumentado bastante. Nós tentamos minimizar o preço final para o cliente, mas não é fácil. Os jornais, coitados, tentam sobreviver a esta crise, mas isto tudo está a ficar um bocado complicado para eles também.”

Contactada pelo ISCTE, Ana Torres (Diretora Comercial) afirma que “(…) a escassez e o aumento do preço bruto do papel causaram um caos este ano na maioria das gráficas, incluindo na nossa. De repente, o preço do quilo do papel que era 89 cêntimos, passou a 2 euros e 10. Como devem calcular, isto tem um impacto brutal nos orçamentos e nas tesourarias das gráficas.”

A Diretora Comercial confidencia que o modo de trabalho da empresa gráfica teve de mudar “totalmente” nos últimos meses porque as grandes empresas fornecedoras de papel deixaram, numa primeira fase, de ter papel “por causa da pandemia e do encerramento de algumas fábricas de produção de papel” e, posteriormente, devido “à Guerra na Ucrânia e pelo facto do papel que vinha da Rússia ter deixado de vir.”

Neste contexto de carência, Ana Torres afirma que “o mercado Europeu teve de começar a abastecer-se em Portugal, porque a qualidade do nosso papel é um dos melhores da Europa. Isso fez com que Portugal ficasse praticamente sem papel.”

A Diretora Comercial da Lousanense acrescenta, ainda, que o atual cenário de produção de papel em Portugal é uma autêntica “vergonha” porque “as nossas fábricas, como a Navigator, continuam a produzir imenso papel, mas vendem quase tudo lá para fora e não deixam nada em Portugal.”

Questionada sobre os custos de produção, Ana Torres afirma que os preços da tinta e do papel “supostamente só deveriam custar 30%”, mas, neste momento, com a subida generalizada dos preços, há jornais e revistas “que custam 50% a produzir, o que não pode acontecer de todo.”

A Diretora Comercial conta ao ISCTE que, atualmente, os principais clientes da Gráfica Lousanense são as grandes editoras, nomeadamente a Penguin Random House (Penguin Livros). Ana Torres garante que, apesar da inflação e do aumento dos preços, as editoras “felizmente ainda conseguem suportar os custos de produção.”

Questionada sobre o preço final cobrado aos clientes e os constantes ajustes que a empresa gráfica tem de fazer, Ana Torres afirma que “os orçamentos têm de ser feitos mês a mês. O que é hoje já não é amanhã. Não temos certezas de nada. Agora nem damos prazos nem estimativas. Dizemos apenas que, aquando da adjudicação, o preço final pode sofrer alterações.”

Raspadinhas impedem quiosques de fechar

Com o aumento do preço, os jornais deixam de ser o negócio principal dos quiosques para dar lugar às raspadinhas.

Estas tornaram-se a maior fonte de rendimento do quiosque lisboeta de Paulo Pereira, impedindo o negócio de deixar de ser lucrativo. “Fazemos 300€ em raspadinhas diariamente”, conta o proprietário.

Ainda que sejam de papel, as raspadinhas mantêm o preço, o que explica a mesma e, por vezes, mais elevada procura. Sem a confirmação por parte da entidade responsável, Paulo Pereira aponta a diminuição de prémios como explicação para o preço do jogo não acompanhar a inflação.

Portugal é o país europeu com maior gasto em raspadinhas, representando mais do dobro da média europeia. Números de 2018 mostram, que à data, os portugueses gastavam 4,4 milhões por dia. No ano seguinte, a receita cresceu 7,8%.

Artigo por Ana Leão, Ana Rita Cunha e Bruno Saraiva

Posted by Ana Rita Cunha in Temporada 2022/2023

Semana de trabalho de quatro dias: Será o início do fim?

A ideia de menos um dia de trabalho traz mais felicidade, mas não pode ser aplicada a todos os portugueses. Seis perguntas para compreender o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho, que arranca já em junho para as empresas privadas voluntárias.

Fonte:Pixabay

O que significa a semana de quatro dias de trabalho?

A semana de quatro dias de trabalho é uma proposta que o governo já apresentou aos parceiros sociais e destina-se, nesta fase inicial, apenas ao setor privado durante o período experimental de seis meses. 

O projeto, de base voluntária e sem perda de rendimentos para as empresas, consiste na redução da carga horária. Ao invés dos cinco dias de trabalho, o colaborador trabalha quatro dias e pode estar mais um dia em casa. Esta é uma ideia que aposta numa maior motivação dos colaboradores e, também, num possível aumento da produtividade. 

Já existiu em Portugal?

Este é um novo método de trabalho que nunca existiu em Portugal. No entanto, já foi testado em vários países, nomeadamente no Reino Unido, em que os resultados foram bastante positivos, colaboradores mais felizes, com menos trabalho, o mesmo rendimento e a mesma produtividade para as empresas. 

Portugal já realizou a proposta aos parceiros sociais para ser o próximo país a testar a semana de quatro dias de trabalho.

Quando arranca esta experiência?

As empresas do setor privado podem agora aderir a este projeto-piloto até janeiro de 2023, mas a experiência terá início apenas em junho do próximo ano, com um período de duração de seis meses, isto é, até dezembro de 2023.

Como vai ser implementada?

Depois dos seis meses de experiência no setor privado, o projeto será avaliado e alvo de reflexão pelas entidades no mês de dezembro. O objetivo deste “mês de reflexão” é compreender se este projeto é rentável, tanto para as empresas como para os trabalhadores, e se pode ser aplicado ao setor público.

A semana de quatro dias de trabalho implica um acordo entre os colaboradores e a entidade empregadora, são estes que decidem mutuamente como será a carga horária.

Esta redução implica corte no salário?

Segundo o governo, a diminuição da carga horária semanal não se traduz necessariamente numa redução do horário diário, uma vez que cabe às empresas chegarem a acordo com os colaboradores. Também a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, questionada pelos jornalistas, referiu que cabe às empresas “modelar” o horário e organizar a semana como entenderem, desde que a redução semanal seja para 32, 34 ou 36 horas.

Assim, se divididas as horas semanais de forma igual pelos quatro dias da semana, pode significar até mais uma hora de trabalho por dia, o que coloca em causa o benefício desta experiência para os funcionários abrangidos. 

De acordo com a ministra, a organização das empresas tem de ser realizada segundo a vontade do trabalhador. “O objetivo é mensalmente haver sempre uma redução e semanalmente também. O objetivo é que pode variar de dia para dia, não têm de ser todos os dias iguais“, afirma.

Qual poderá ser o impacto em Portugal? 

Há serviços que não podem parar e que, por esse mesmo motivo, a semana de quatro dias de trabalho não faz sentido. É o que nos diz Luis Santos, Gestor Operacional do ITAU, uma empresa privada que alimenta gerações há mais de cinquenta anos e que não pode parar um dia e deixar de servir as várias unidades em que atua, desde hospitais, até ao ensino.

Como gestor da entidade, Luís Santos reconhece que é uma boa medida e que faz sentido para alguns setores, mas não para todos.. “Se tenho de servir refeições a cinco unidades esta semana e preciso de dois cozinheiros em cada uma, um para o turno da manhã e outro para o turno da noite, como é que posso dispensá-los um dia da semana?”, refere.

Luis Santos diz que para adotar uma semana de quatro dias de trabalho, seria necessário mais contratações para assegurar o serviço, ou seja, nunca seria rentável para a entidade.

Por sua vez, no que diz respeito ao Público este é um cenário visto sem pernas para andar. É possível afirmar que este é um tema que gerou muito debate e alguma polémica, desde conversas de café até às redes sociais. 

Será que a semana de 4 dias funcionará para as Empresas Públicas em Portugal?

Esta foi a questão debatida no Reddit (fórum de comunidades para partilha e debate de temas de interesse), cuja opinião do público permite concluir que só se poderá aplicar esta “experiência” a setores Públicos em Portugal se for bem sucedido em setores privados, caso contrário nunca haverá sequer margem para experimentar no setor Público.

Segue-se alguns dos comentários de cidadãos portugueses comuns:

“A questão é: terá a função pública funcionários suficientes para aplicar essa medida principalmente em tudo que envolva atendimento ao público, já fazem 35h tirar mais um dia de trabalho só o vejo possível como desculpa para não se aumentar salários.”

José Fino

“Aumentos salariais já são praticamente inexistentes. Isto na prática aumenta o valor/hora por 20%. Receber o mesmo e trabalhar menos um dia sempre é melhor. Claro que muita gente está apertada e prefere receber mais.. Mas os 4 dias pode permitir também arranjar um segundo trabalho (há pessoas que já os têm).”

Membro do Reddit

“Nunca será uma medida enquanto as empresas privadas não passarem a carga horária para as 35 horas. Era insensato o estado reduzir mais o horário de função pública e o privado continuar nas 40h. E é mais sensato reduzir a carga horária no privado do que passar para os 4 dias, não iria trazer tanta desigualdade no mercado de trabalho.”

Membro do Reddit

Se este é um cenário que funciona com as empresas privadas as chances são que se averigue e possivelmente se experimente em alguns setores do público também. Até lá, restam muitos debates e discussões acerca deste tema.

Infografia by Canva
Autoria: Ana Catarina Santos e Matilde Machado

Posted by Ana Catarina Santos in Temporada 2022/2023

Guerra: O conflito das Coreias

O Japão e a ameaça da Coreia do Norte

Tensões na península coreana preocupam governo japonês

A Coreia do Norte volta a disparar mísseis que sobrevoam o Japão, em direção ao oceano Pacífico. 

Em Novembro, um míssil balístico intercontinental caiu no mar, em águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Japão e que o Primeiro-Ministro japonês, Fumio Kishida, descreveu como “absolutamente inaceitável”. 

Este míssil não parece ter causado danos a navios ou aviões. No entanto, as autoridades japonesas pediram aos navios que estivessem a cruzar a área para não se aproximarem de quaisquer destroços que estivessem a flutuar.

“A Coreia do Norte tem disparado repetidamente mísseis este ano com uma frequência sem precedentes e está a aumentar significativamente as tensões na península coreana”, afirmou o ministro da Defesa japonês, Yasukazu Hamada, mostrando preocupação com a situação entre as Coreias.

O Japão alerta que alguns destes mísseis têm capacidade para atingir os EUA e pedem uma ação unida internacional para a desnuclearização da Coreia do Norte. 

Durante o mês de Outubro, foram disparados mais de 20 mísseis que sobrevoaram o território japonês. O governo japonês foi, durante algumas instâncias, obrigado a emitir alertas à população, usando para isso as emissoras de televisão, para pedir às populações que permanecessem nas suas casas, em ambientes fechados ou, até mesmo, que evacuassem. Algumas das prefeituras que alertaram as suas populações para permanecerem nas suas casas foram as prefeituras de Miyagi, Yamagata e Niigata.

A Coreia do Norte não lançava um míssil sobre a área do Japão desde 2017, o que, com esta retoma de lançamento de mísseis, está a levar o Japão a emitir estes alertas à população e a parar a circulação ferroviária em algumas regiões.

A Coreia do Norte, apesar do cessar-fogo com a Coreia do Sul, tem continuado a demonstrar hostilidade contra Coreia do Sul e, por extensão, contra o Japão e os Estados Unidos da América, devido ao apoio dos mesmos à Coreia do Sul.

Com o retomar de disparos de mísseis este ano, a Coreia do Norte tem demonstrado cada vez mais frequentemente a sua capacidade militar, colocando não só a Coreia do Sul em alerta, mas também o Japão.

Exercícios militares na península Coreana

O aumento dos disparos de mísseis norte-coreanos e a resposta conjunta dos Estados Unidos e da Coreia do Sul

Com a Coreia do Norte a realizar com cada vez mais frequência testes de mísseis, a Coreia do Sul tem alertado para uma resposta severa à violação do cessar-fogo acordado em 1953.

No entanto, como o disparo de mísseis por parte da Coreia do Norte continua, a Coreia do Sul já respondeu realizando exercícios militares aéreos de enorme escala em conjunto com os Estados Unidos, mas também com o lançamento de mísseis para a mesma área para onde os mísseis norte coreanos foram disparados.

A Coreia do Norte, respondeu a este prolongamento da realização de exercícios militares aéreos conjuntos, com o disparo de mais mísseis. 

Com a escalada de tensões na península coreana e a ameaça de um teste nuclear realizado pelos norte-coreanos, o primeiro desde 2017, os Estados Unidos, o Japão e  a Coreia do Sul já asseguraram que este será “recebido com uma resposta forte e firme da comunidade internacional”, disseram os líderes dos três países num comunicado conjunto após uma reunião em Phnom Penh, a 13 de Novembro.

Os três líderes reafirmaram uma vez mais o seu empenho numa desnuclearização total da Coreia do Norte, apesar de apelarem à resolução de conflito de forma pacífica e através do diálogo.

Numa entrevista à Reuters, o Presidente da Coreia do Sul, veio pedir à China que ajude a dissuadir a Coreia do Norte de prosseguir com testes nucleares, afirmando que é necessário que a China cumpra as suas responsabilidades como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

A aliança trilateral dos EUA, do Japão e da Coreia do Sul

A ameaça de Pyongyang e o apoio dos EUA e do Japão aos sul-coreanos

A constante escalada de tensões na península coreana e a crescente ameaça que a Coreia do Norte está a representar, tem servido como laço de união entre os EUA, o Japão e a Coreia do Sul.

As dezenas de ensaios balísticos e o teste do que se pensa ser um possível míssil intercontinental com capacidade para atingir o território dos Estados Unidos, está a levar os EUA, o Japão e a Coreia do Sul a criar uma mais estreita coordenação trilateral, com a imposição de novas sanções à Coreia do Norte anunciadas a 2 de dezembro.

Estas sanções vão afetar indivíduos conectados ao regime norte-coreano. Por exemplo, Kim Su-il, que exerce funções como representante do Departamento da Indústria de Munições no Vietname, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês, ou indivíduos e empresas ligadas a operações de aquisição para o desenvolvimento de armas de destruição maciça, segundo consta de uma nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul.

Alguns indivíduos que serão também afetados por estas sanções serão Ri Myung-hun, Ri Jeong-won, Choi Seong-nam, Ko Il-hwan, Baek Jong-sam e Kim Chol, todos norte-coreanos envolvidos em transações financeiras associadas ao desenvolvimento de armamento nuclear da Coreia do Norte e ligados ao Korea Trade Bank, Daesong Bank, Kumgang Banking Group e Tongil Baljun Bank.

Os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul procuram assim fortalecer a sua aliança e dissuadir a Coreia do Norte de tomar qualquer tipo de ação militar.

Artigo de Carolina Carvalho e Valentina Neto

Posted by Carolina Carvalho in Temporada 2022/2023

Baixa taxa de natalidade? Lider do PiS, na Polónia acha que a culpa é de as mulheres beberem álcool.

Jaroslaw Kaczynski, atibui a baixa taxa de natalidade do país ao facto de, até aos 25 anos, as jovens beberem a mesma quantidade de álcool que os seus parceiros.

O presidente do partido no poder da Polónia culpa “as raparigas e jovens mulheres” até aos 25 anos que “bebem o mesmo que os seus parceiros” pela baixa taxa de natalidade no país. Acrescenta ainda que as mulheres “tornam-se alcoólicas” em apenas 2 anos, os homens “em 20” e só após “beber muito” durante esses anos.

A taxa de natalidade da Polónia teve um decréscimo nunca antes visto, como constatou o site Notes From Poland. Na União Europeia, segundo o mesmo site, o país tem uma das mais baixas taxas (de 1,44 por mulher).

Jaroslaw Kaczynski, que se diz um sincero apoiante da igualdade entre mulheres e homens”, não apoia que as “mulheres queiram ser homens e que os homens finjam ser mulheres”.

O Líder partidário continua a argumentação citando um médico com quem afirma ter falado e que lhe revelou que teria conseguido tratar um terço dos homens alcoólicos que acompanhou, mas nenhuma mulher.

As declarações do líder partidário geraram polémica e angariaram várias críticas, tanto pela veracidade das suas afirmações como pelo simples facto de reduzir “o papel da mulher ao de uma incubadora”, como afirmou o partido Lewica.

Foram inúmeros os posts que surgiram em todas as redes sociais após as declarações de Kaczynski, destacando-se Anna Lewandowska, mulher do jogador de futebol Robert Lewandowski, que ficou “furiosa quando vejo políticos a acusar injustamente as mulheres em vez de verem os verdadeiros problemas.”

Vários foram os posts que enumeraram tantas outras cuasas que podem levar à baixa taxa de natalidade do país e até à infertilidade- como o stress ou problemas hormonais. “Não vamos julgar as mulheres que lutam silenciosamente com todas as forças para verem as duas linhas num testes de gravidez.”

Para além dos posts, também os críticos do Governo vêm dizer que o próprio executivo tem desencorajado as mulheres de terem filhos, dada a proibição quase total do aborto, o que deixa as grávidas sujeitas a perigos se a continuação da gravidez for um risco para a sua vida e a intervenção não for autorizada.

Mas, afinal, quem tem razão? Serão os argumentos de Jaroslaw Kaczynski fundados?

A infertilidade é definida pela incapacidade de engravidar. Estima-se que cerca de 15% dos casais em todo o mundo tem dificuldade em engravidar, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Segundo a OMS, a infertilidade feminina contribui para 35% dos casos totais, afetando 80 milhões de mulheres no mundo.
Cerca de 30% dos casos estão relacionados unicamente com os homens, 20% estão associados a casais, mulheres e homens em conjunto. Os restantes 15% são ainda de origem indefinida.

 De que forma estará, efetivamente, o álcool ligado à baixa taxa de natalidade da Polónia? 

Umas das hipóteses associadas à infertilidade está relacionada com a elevada concentração de hormonas produzidas pelo próprio corpo – hormonas endógenas. Estas têm um impacto direto na maturação do óvulo, na própria ovulação e no desenvolvimento embrionário.

Um estudo realizado na Dinamarca entre 2008 e 2016, concluiu que o consumo de menos de 14 porções de álcool por semana parece não ter efeito perceptível na fertilidade.

No entanto, o consumo excessivo de álcool está associado ao aumento das concentrações de estrogénio, o que reduz a secreção da hormona que tem como função libertar o óvulo durante o ciclo.

Para além disso, a ingestão de álcool pode afetar diferentes fases do ciclo menstrual, como a fecundidade, caracterizada como a fase de maior probabilidade de engravidar durante o ciclo.

O estudo dinamarquês comprova que a ingestão de álcool pesada, com mais de 6 doses semanais, na fase luteínica (período entre a ovulação e a menstruação) e na fase ovulatória, está associada a baixas probabilidades de gravidez.

 Assim, o consumo de álcool a nível excessivo (ou até mesmo crónico), pode, sim, estar associado à redução da fertilidade feminina e ao desenvolvimento de distúrbios menstruais.

A infertilidade só acontece nas mulheres?

Segundo a OMS, cerca de 30% dos casos de infertilidade estão relacionados unicamente com os homens, 20% estão associados a casais, mulheres e homens em conjunto. Os restantes 15% são ainda de origem indefinida.

A infertilidade masculina é caracterizada como um síndrome multifatorial que pode estar associado a várias causas como mutações genéticas, doenças neurológicas, também o tabagismo e o uso de drogas ilícitas

O uso excessivo de álcool é também um dos fatores que podem influenciar a fertilidade dos homens.

É importante ressaltar que as anormalidades genéticas têm vindo a ser reconhecidas como principal causa da infertilidade masculina e que, na maioria dos casos dos homens que procuram ajuda em clínicas de infertilidade, estes acabam por ser portadores de problemas na produção do esperma.

Mais informações aqui.

O consumo de álcool também afeta a fertilidade masculina.

A professora Tina Kold Jensen, da University of Southern Denmark, divulgou um estudo realizado com homens jovens e saudáveis onde avalia a fundo o consumo de álcool e o impacto que pode gerar na procriação.

Foram avaliados mais de 1.200 homens entre os 18 e os 28 anos e, cerca de 60% afirmou ter abusado do álcool mais de duas vezes no mês anterior. Em média, cada entrevistado ingeriu 11 latas de cerveja na semana anterior aos exames.

Segundo o estudo, o consumo de álcool da semana anterior ao exame revelou mudanças importantes nas hormonas reprodutivas, verificando-se um aumento dos níveis de testosterona e diminuição de hormonas reprodutivas.

No grupo, quanto maior foi o consumo de bebidas alcoólicos, menor é a qualidade do esperma. Aqueles que ingeriram 40 latas de cerveja durante uma semana obtiveram uma contagem de esperma reduzida em 33% e uma queda de 51% na qualidade do mesmo- quando comprados àqueles que consumiram entre uma e cinco unidades.

“A nossa pesquisa mostrou uma queda de mais de metade do número de espermatozoides produzidos, assim como uma diminuição importante na percentagem de espermatozoides normais, de 4,6% para 2,7%.

Tina Kold Jensen
Posted by Renata Andrade in Temporada 2022/2023

Associação Salvador: a luta por um país sobre rodas

Todos os dias a cidade de Lisboa é percorrida por diversos voluntários da Associação Salvador, para a angariação de novos “amigos” para a associação e de mais contributos monetários para a defesa e desenvolvimento de melhores condições para as pessoas com deficiência motora.

A Associação Salvador nasceu em 2003 e foi fundada por Salvador Mendes de Almeida. Após ter sofrido um acidente que deixou Salvador tetraplégico com apenas 16 anos, este decidiu criar a associação de forma a desenvolver projetos na área da deficiência motora, que atuam em três áreas: conhecimento, partilha e sensibilização. As pessoas que tenham interesse em fazer parte da associação têm que pagar para usufruir daquilo que esta tem para oferecer.

Os amigos das pessoas com deficiência motora

O Factual acompanhou uma das ações de sensibilização e recrutamento, em frente à Estação de Entrecampos, onde a problemática se centrava nos transportes públicos. A falta de acessibilidade nos transportes como a escassez de elevadores e o não funcionamento das escadas rolantes e a difícil inclusão no mercado de trabalho são algumas das problemáticas apontadas pela voluntária Mariana Granja. “Não há fiscalização e há uma lei (das quotas) que não é cumprida”, referiu a jovem que considera que existe falta de apoios por parte do Estado. Acrescentou ainda que “uma cadeira de rodas custa entre quatro a seis mil euros e que, apesar do Governo ser obrigado a cedê-las, é um processo que demora entre sete a dez anos”. 

Nestas iniciativas são destacadas várias equipas que são enviadas para a rua, num projeto denominado de “Face to Face”. O objetivo da inscrição destes “amigos” é que possam contribuir monetariamente para ajudar a dar resposta aos desafios e casos diários que chegam a esta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). Neste momento a associação já conta com 3782 amigos.

O papel do Estado

Em declarações ao Factual, Mariana Corrêa Nunes, responsável de comunicação da Associação Salvador, destaca que “cerca de 80% das Câmaras Municipais não cumprem o plano de Acessibilidades”. Afirma que ainda há um longo caminho a percorrer e que o Estado falha essencialmente na fiscalização, “ninguém consegue identificar uma rua em Portugal que seja 100% acessível”.

Confira aqui parte da entrevista a Mariana Corrêa Nunes:

Neste momento está a decorrer uma petição que exige a revisão do Decreto-Lei das Acessibilidade, que pode assinar aqui.

Mariana conta ainda o caso impactante de um associado que passou grandes dificuldades ao longo da sua vida, antes de conhecer a Associação Salvador.

Uma luta pela empregabilidade

A Associação Salvador realiza feiras de emprego para a contratação de pessoas com deficiência motora e prepara os seus associados para o mundo do trabalho, através de formações e workshops em áreas como inglês, aprendizagem de Excel, entre outras, consoante a necessidade de cada um. Além disso, tem parceria com diversas entidades e empresas que contratam pessoas com deficiência motora ligadas à associação. Para já este projeto visa apenas as cidades de Lisboa e do Porto, em que se podem inscrever para ter acompanhamento na procura de emprego.

Quero ajudar e agora?

Como me poderei inscrever? Existem várias formas de poder ajudar a Associação Salvador. Entre elas, tornar-se “amigo”, através de um pequeno montante mensal, fazer um donativo, converter 0,5% do seu IRS ou até mesmo, caso faça parte de uma empresa, apoiar um projeto específico. Todas estas opções estão disponíveis no site da associação.

Artigo de Bárbara Galego e Raquel Almeida

Posted by Raquel Almeida in Temporada 2022/2023

Pedidos de ajuda alimentar aumentam em Portugal

A subida da inflação veio agravar a situação de muitas famílias portuguesas. O número de pedidos de ajuda alimentar tem vindo a aumentar. Um dos fatores é o salário baixo, que leva a população a viver em condições de vida precárias.

Numa altura em que o salário mínimo nacional é de 705€, as famílias portuguesas fazem contas ao dinheiro que sobra para adquirir bens essenciais. No entanto, perante as diversas despesas mensais em medicamentos, renda da casa juntamente com o aumento dos preços da água, da luz e dos alimentos, o montante disponível no final do mês acaba por não ser suficiente para cobrir todos os gastos, obrigando as famílias a ter de recorrer a ajudas externas a nível de bens alimentares.

Em Viana do Castelo os pedidos de ajuda têm aumentado desde a pandemia. Os responsáveis do Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora de Fátima afirmam, contudo, que em comparação com o ano passado, de 2021, o aumento não é significativo. As associações dizem ter sofrido um maior impacto relativamente às despesas, devido ao aumento dos pedidos de ajuda.

Associações têm mais pedidos do que durante a pandemia

Desde a pandemia da COVID-19, que as condições de vida dos portugueses têm vindo a decair, levando muitos a procurar ajuda externa. Rita Valadas, a atual Presidente da organização Cáritas Portuguesa, comenta que os pedidos de ajuda alimentar aumentaram significativamente após a pandemia e que “houve pessoas que deixaram de ter rendimento de todo”.

A ajuda vai chegando de todo o lado. Apesar das dificuldades económicas, a população continua a ajudar as associações contribuindo com alimentos e bens essenciais, bem como monetariamente.

Esta ajuda foi um suporte para muitas famílias durante os tempos críticos. E, mesmo perante uma crise económica, a possibilidade de voltar a trabalhar por já não estarem confinados em casa, levou a que muitas pessoas voltassem a ter rendimento e a conseguir ter forma de pagar as contas e os bens essenciais. “Agora as pessoas têm rendimento mas têm de geri-lo para satisfazer as necessidades básicas”, explica Rita Valadas.

Ajuda sem fronteiras: imigrantes também pedem auxílio

Portugal é um país multicultural e um bom anfitrião no que toca a acolher quem vem de fora. Em 2022, cerca de 700 mil pessoas que viviam em Portugal eram imigrantes. Este número tem crescido ao longo dos anos e, consequentemente, os pedidos de ajuda alimentar aumentam com a chegada destes imigrantes, que não conseguem arranjar emprego assim que chegam.

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Angola, França, Brasil, Moçambique e Venezuela foram os principais países de nascimento dos imigrantes que Portugal acolheu e mais de um terço nasceram num dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Preocupação com a saúde alimentar dos portugueses

O Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF 2015-2016) realizado pela Direção-Geral de Saúde, conclui que os portugueses não levam um estilo de vida saudável a nível alimentar, o que preocupa os profissionais de saúde.

“Ao comparar o consumo alimentar estimado pelo IAN-AF 2015-2016 para a população portuguesa com as recomendações preconizadas pela Roda dos Alimentos Portuguesa, é possível concluir que o consumo de ‘Fruta’ e ‘Hortícolas’ se encontra abaixo dos valores recomendados (13% vs 20% e 14% vs 23%, respetivamente) e que, pelo contrário, o consumo de “Carne, pescado e ovos” encontra-se acima dos valores recomendados (17% vs 5%).”

As pessoas optam por comprar alimentos de marcas brancas por serem ofertas mais baratas. A presidente da Cáritas, Rita Valadas, demonstra especial preocupação com as escolhas dos portugueses: “como os legumes são caros, as pessoas optam por não comprar para poupar e, aí, perdem qualidade alimentar, o que é complicado para quem tem problemas de saúde.”

“Relativamente ao consumo de fruta e hortícolas, 53% da população portuguesa não cumpre as recomendações preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para um consumo diário de pelo menos 400 g/dia de fruta e produtos hortícolas. Estes números são mais preocupantes para os grupos mais jovens da população, sendo que esta recomendação não é atingida por 69% das crianças e 66% dos adolescentes portugueses”, refere o estudo realizado pela DGS.

Por: Ana Fernandes e Carolina Piedade

Posted by Carolina Piedade in Temporada 2022/2023

Ronaldo e Messi juntos nos relvados mas nunca a jogar xadrez

A nova campanha da marca Louis Vuitton levou os melhores do mundo a defrontarem-se numa partida de xadrez, mas não juntos.

Num vídeo publicado ontem pela marca, os fãs mais atentos conseguiram perceber que, afinal, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi nunca se cruzaram na sessão fotográfica de promoção do baú da LV em que foi transportado o troféu do Mundial para o Catar.

Embora na imagem final os possamos ver sentados, frente a frente, a pensar na próxima jogada da partida de xadrez que disputam, os craques são mostrados no vídeo a serem fotografados sozinhos.

A fotografia de Annie Leibovitz, que já é considerada uma das imagens do século por juntar os dois maiores rivais da história do futebol, não passa, então, de uma montagem- o que veio desiludir os fãs.

Por detrás da fotografia partilhada nas redes sociais das estrelas do futebol, existia todo um significado subliminar ligado ao posicionamento das peças, que é calculado para retratar um jogo entre Magnus Carlsen e Hikaru Nakamura que terminou empatado. Assim como Ronaldo e Messi estão em termos de Mundiais, cada um com cinco.

Outro dos significados subentendidos seria o lema da campanha que é também o lema de vida dos jogadores: “A vitória é um estado de espírito”.

Toda esta significação acaba por cair por terra quando o foco se vira para o vídeo partilhado que acabou por roubar as atenções e fazer sombra àquela que é considerada uma das imagens do século.

Posted by Renata Andrade in Temporada 2022/2023