Temporada 2022/2023

Pós Graduação de Jornalismo, Turma 2022-2023.

Semana de trabalho de quatro dias: Será o início do fim?

A ideia de menos um dia de trabalho traz mais felicidade, mas não pode ser aplicada a todos os portugueses. Seis perguntas para compreender o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho, que arranca já em junho para as empresas privadas voluntárias.

Fonte:Pixabay

O que significa a semana de quatro dias de trabalho?

A semana de quatro dias de trabalho é uma proposta que o governo já apresentou aos parceiros sociais e destina-se, nesta fase inicial, apenas ao setor privado durante o período experimental de seis meses. 

O projeto, de base voluntária e sem perda de rendimentos para as empresas, consiste na redução da carga horária. Ao invés dos cinco dias de trabalho, o colaborador trabalha quatro dias e pode estar mais um dia em casa. Esta é uma ideia que aposta numa maior motivação dos colaboradores e, também, num possível aumento da produtividade. 

Já existiu em Portugal?

Este é um novo método de trabalho que nunca existiu em Portugal. No entanto, já foi testado em vários países, nomeadamente no Reino Unido, em que os resultados foram bastante positivos, colaboradores mais felizes, com menos trabalho, o mesmo rendimento e a mesma produtividade para as empresas. 

Portugal já realizou a proposta aos parceiros sociais para ser o próximo país a testar a semana de quatro dias de trabalho.

Quando arranca esta experiência?

As empresas do setor privado podem agora aderir a este projeto-piloto até janeiro de 2023, mas a experiência terá início apenas em junho do próximo ano, com um período de duração de seis meses, isto é, até dezembro de 2023.

Como vai ser implementada?

Depois dos seis meses de experiência no setor privado, o projeto será avaliado e alvo de reflexão pelas entidades no mês de dezembro. O objetivo deste “mês de reflexão” é compreender se este projeto é rentável, tanto para as empresas como para os trabalhadores, e se pode ser aplicado ao setor público.

A semana de quatro dias de trabalho implica um acordo entre os colaboradores e a entidade empregadora, são estes que decidem mutuamente como será a carga horária.

Esta redução implica corte no salário?

Segundo o governo, a diminuição da carga horária semanal não se traduz necessariamente numa redução do horário diário, uma vez que cabe às empresas chegarem a acordo com os colaboradores. Também a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, questionada pelos jornalistas, referiu que cabe às empresas “modelar” o horário e organizar a semana como entenderem, desde que a redução semanal seja para 32, 34 ou 36 horas.

Assim, se divididas as horas semanais de forma igual pelos quatro dias da semana, pode significar até mais uma hora de trabalho por dia, o que coloca em causa o benefício desta experiência para os funcionários abrangidos. 

De acordo com a ministra, a organização das empresas tem de ser realizada segundo a vontade do trabalhador. “O objetivo é mensalmente haver sempre uma redução e semanalmente também. O objetivo é que pode variar de dia para dia, não têm de ser todos os dias iguais“, afirma.

Qual poderá ser o impacto em Portugal? 

Há serviços que não podem parar e que, por esse mesmo motivo, a semana de quatro dias de trabalho não faz sentido. É o que nos diz Luis Santos, Gestor Operacional do ITAU, uma empresa privada que alimenta gerações há mais de cinquenta anos e que não pode parar um dia e deixar de servir as várias unidades em que atua, desde hospitais, até ao ensino.

Como gestor da entidade, Luís Santos reconhece que é uma boa medida e que faz sentido para alguns setores, mas não para todos.. “Se tenho de servir refeições a cinco unidades esta semana e preciso de dois cozinheiros em cada uma, um para o turno da manhã e outro para o turno da noite, como é que posso dispensá-los um dia da semana?”, refere.

Luis Santos diz que para adotar uma semana de quatro dias de trabalho, seria necessário mais contratações para assegurar o serviço, ou seja, nunca seria rentável para a entidade.

Por sua vez, no que diz respeito ao Público este é um cenário visto sem pernas para andar. É possível afirmar que este é um tema que gerou muito debate e alguma polémica, desde conversas de café até às redes sociais. 

Será que a semana de 4 dias funcionará para as Empresas Públicas em Portugal?

Esta foi a questão debatida no Reddit (fórum de comunidades para partilha e debate de temas de interesse), cuja opinião do público permite concluir que só se poderá aplicar esta “experiência” a setores Públicos em Portugal se for bem sucedido em setores privados, caso contrário nunca haverá sequer margem para experimentar no setor Público.

Segue-se alguns dos comentários de cidadãos portugueses comuns:

“A questão é: terá a função pública funcionários suficientes para aplicar essa medida principalmente em tudo que envolva atendimento ao público, já fazem 35h tirar mais um dia de trabalho só o vejo possível como desculpa para não se aumentar salários.”

José Fino

“Aumentos salariais já são praticamente inexistentes. Isto na prática aumenta o valor/hora por 20%. Receber o mesmo e trabalhar menos um dia sempre é melhor. Claro que muita gente está apertada e prefere receber mais.. Mas os 4 dias pode permitir também arranjar um segundo trabalho (há pessoas que já os têm).”

Membro do Reddit

“Nunca será uma medida enquanto as empresas privadas não passarem a carga horária para as 35 horas. Era insensato o estado reduzir mais o horário de função pública e o privado continuar nas 40h. E é mais sensato reduzir a carga horária no privado do que passar para os 4 dias, não iria trazer tanta desigualdade no mercado de trabalho.”

Membro do Reddit

Se este é um cenário que funciona com as empresas privadas as chances são que se averigue e possivelmente se experimente em alguns setores do público também. Até lá, restam muitos debates e discussões acerca deste tema.

Infografia by Canva
Autoria: Ana Catarina Santos e Matilde Machado

Posted by Ana Catarina Santos in Temporada 2022/2023

Guerra: O conflito das Coreias

O Japão e a ameaça da Coreia do Norte

Tensões na península coreana preocupam governo japonês

A Coreia do Norte volta a disparar mísseis que sobrevoam o Japão, em direção ao oceano Pacífico. 

Em Novembro, um míssil balístico intercontinental caiu no mar, em águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Japão e que o Primeiro-Ministro japonês, Fumio Kishida, descreveu como “absolutamente inaceitável”. 

Este míssil não parece ter causado danos a navios ou aviões. No entanto, as autoridades japonesas pediram aos navios que estivessem a cruzar a área para não se aproximarem de quaisquer destroços que estivessem a flutuar.

“A Coreia do Norte tem disparado repetidamente mísseis este ano com uma frequência sem precedentes e está a aumentar significativamente as tensões na península coreana”, afirmou o ministro da Defesa japonês, Yasukazu Hamada, mostrando preocupação com a situação entre as Coreias.

O Japão alerta que alguns destes mísseis têm capacidade para atingir os EUA e pedem uma ação unida internacional para a desnuclearização da Coreia do Norte. 

Durante o mês de Outubro, foram disparados mais de 20 mísseis que sobrevoaram o território japonês. O governo japonês foi, durante algumas instâncias, obrigado a emitir alertas à população, usando para isso as emissoras de televisão, para pedir às populações que permanecessem nas suas casas, em ambientes fechados ou, até mesmo, que evacuassem. Algumas das prefeituras que alertaram as suas populações para permanecerem nas suas casas foram as prefeituras de Miyagi, Yamagata e Niigata.

A Coreia do Norte não lançava um míssil sobre a área do Japão desde 2017, o que, com esta retoma de lançamento de mísseis, está a levar o Japão a emitir estes alertas à população e a parar a circulação ferroviária em algumas regiões.

A Coreia do Norte, apesar do cessar-fogo com a Coreia do Sul, tem continuado a demonstrar hostilidade contra Coreia do Sul e, por extensão, contra o Japão e os Estados Unidos da América, devido ao apoio dos mesmos à Coreia do Sul.

Com o retomar de disparos de mísseis este ano, a Coreia do Norte tem demonstrado cada vez mais frequentemente a sua capacidade militar, colocando não só a Coreia do Sul em alerta, mas também o Japão.

Exercícios militares na península Coreana

O aumento dos disparos de mísseis norte-coreanos e a resposta conjunta dos Estados Unidos e da Coreia do Sul

Com a Coreia do Norte a realizar com cada vez mais frequência testes de mísseis, a Coreia do Sul tem alertado para uma resposta severa à violação do cessar-fogo acordado em 1953.

No entanto, como o disparo de mísseis por parte da Coreia do Norte continua, a Coreia do Sul já respondeu realizando exercícios militares aéreos de enorme escala em conjunto com os Estados Unidos, mas também com o lançamento de mísseis para a mesma área para onde os mísseis norte coreanos foram disparados.

A Coreia do Norte, respondeu a este prolongamento da realização de exercícios militares aéreos conjuntos, com o disparo de mais mísseis. 

Com a escalada de tensões na península coreana e a ameaça de um teste nuclear realizado pelos norte-coreanos, o primeiro desde 2017, os Estados Unidos, o Japão e  a Coreia do Sul já asseguraram que este será “recebido com uma resposta forte e firme da comunidade internacional”, disseram os líderes dos três países num comunicado conjunto após uma reunião em Phnom Penh, a 13 de Novembro.

Os três líderes reafirmaram uma vez mais o seu empenho numa desnuclearização total da Coreia do Norte, apesar de apelarem à resolução de conflito de forma pacífica e através do diálogo.

Numa entrevista à Reuters, o Presidente da Coreia do Sul, veio pedir à China que ajude a dissuadir a Coreia do Norte de prosseguir com testes nucleares, afirmando que é necessário que a China cumpra as suas responsabilidades como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

A aliança trilateral dos EUA, do Japão e da Coreia do Sul

A ameaça de Pyongyang e o apoio dos EUA e do Japão aos sul-coreanos

A constante escalada de tensões na península coreana e a crescente ameaça que a Coreia do Norte está a representar, tem servido como laço de união entre os EUA, o Japão e a Coreia do Sul.

As dezenas de ensaios balísticos e o teste do que se pensa ser um possível míssil intercontinental com capacidade para atingir o território dos Estados Unidos, está a levar os EUA, o Japão e a Coreia do Sul a criar uma mais estreita coordenação trilateral, com a imposição de novas sanções à Coreia do Norte anunciadas a 2 de dezembro.

Estas sanções vão afetar indivíduos conectados ao regime norte-coreano. Por exemplo, Kim Su-il, que exerce funções como representante do Departamento da Indústria de Munições no Vietname, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês, ou indivíduos e empresas ligadas a operações de aquisição para o desenvolvimento de armas de destruição maciça, segundo consta de uma nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul.

Alguns indivíduos que serão também afetados por estas sanções serão Ri Myung-hun, Ri Jeong-won, Choi Seong-nam, Ko Il-hwan, Baek Jong-sam e Kim Chol, todos norte-coreanos envolvidos em transações financeiras associadas ao desenvolvimento de armamento nuclear da Coreia do Norte e ligados ao Korea Trade Bank, Daesong Bank, Kumgang Banking Group e Tongil Baljun Bank.

Os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul procuram assim fortalecer a sua aliança e dissuadir a Coreia do Norte de tomar qualquer tipo de ação militar.

Artigo de Carolina Carvalho e Valentina Neto

Posted by Carolina Carvalho in Temporada 2022/2023

Baixa taxa de natalidade? Lider do PiS, na Polónia acha que a culpa é de as mulheres beberem álcool.

Jaroslaw Kaczynski, atibui a baixa taxa de natalidade do país ao facto de, até aos 25 anos, as jovens beberem a mesma quantidade de álcool que os seus parceiros.

O presidente do partido no poder da Polónia culpa “as raparigas e jovens mulheres” até aos 25 anos que “bebem o mesmo que os seus parceiros” pela baixa taxa de natalidade no país. Acrescenta ainda que as mulheres “tornam-se alcoólicas” em apenas 2 anos, os homens “em 20” e só após “beber muito” durante esses anos.

A taxa de natalidade da Polónia teve um decréscimo nunca antes visto, como constatou o site Notes From Poland. Na União Europeia, segundo o mesmo site, o país tem uma das mais baixas taxas (de 1,44 por mulher).

Jaroslaw Kaczynski, que se diz um sincero apoiante da igualdade entre mulheres e homens”, não apoia que as “mulheres queiram ser homens e que os homens finjam ser mulheres”.

O Líder partidário continua a argumentação citando um médico com quem afirma ter falado e que lhe revelou que teria conseguido tratar um terço dos homens alcoólicos que acompanhou, mas nenhuma mulher.

As declarações do líder partidário geraram polémica e angariaram várias críticas, tanto pela veracidade das suas afirmações como pelo simples facto de reduzir “o papel da mulher ao de uma incubadora”, como afirmou o partido Lewica.

Foram inúmeros os posts que surgiram em todas as redes sociais após as declarações de Kaczynski, destacando-se Anna Lewandowska, mulher do jogador de futebol Robert Lewandowski, que ficou “furiosa quando vejo políticos a acusar injustamente as mulheres em vez de verem os verdadeiros problemas.”

Vários foram os posts que enumeraram tantas outras cuasas que podem levar à baixa taxa de natalidade do país e até à infertilidade- como o stress ou problemas hormonais. “Não vamos julgar as mulheres que lutam silenciosamente com todas as forças para verem as duas linhas num testes de gravidez.”

Para além dos posts, também os críticos do Governo vêm dizer que o próprio executivo tem desencorajado as mulheres de terem filhos, dada a proibição quase total do aborto, o que deixa as grávidas sujeitas a perigos se a continuação da gravidez for um risco para a sua vida e a intervenção não for autorizada.

Mas, afinal, quem tem razão? Serão os argumentos de Jaroslaw Kaczynski fundados?

A infertilidade é definida pela incapacidade de engravidar. Estima-se que cerca de 15% dos casais em todo o mundo tem dificuldade em engravidar, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Segundo a OMS, a infertilidade feminina contribui para 35% dos casos totais, afetando 80 milhões de mulheres no mundo.
Cerca de 30% dos casos estão relacionados unicamente com os homens, 20% estão associados a casais, mulheres e homens em conjunto. Os restantes 15% são ainda de origem indefinida.

 De que forma estará, efetivamente, o álcool ligado à baixa taxa de natalidade da Polónia? 

Umas das hipóteses associadas à infertilidade está relacionada com a elevada concentração de hormonas produzidas pelo próprio corpo – hormonas endógenas. Estas têm um impacto direto na maturação do óvulo, na própria ovulação e no desenvolvimento embrionário.

Um estudo realizado na Dinamarca entre 2008 e 2016, concluiu que o consumo de menos de 14 porções de álcool por semana parece não ter efeito perceptível na fertilidade.

No entanto, o consumo excessivo de álcool está associado ao aumento das concentrações de estrogénio, o que reduz a secreção da hormona que tem como função libertar o óvulo durante o ciclo.

Para além disso, a ingestão de álcool pode afetar diferentes fases do ciclo menstrual, como a fecundidade, caracterizada como a fase de maior probabilidade de engravidar durante o ciclo.

O estudo dinamarquês comprova que a ingestão de álcool pesada, com mais de 6 doses semanais, na fase luteínica (período entre a ovulação e a menstruação) e na fase ovulatória, está associada a baixas probabilidades de gravidez.

 Assim, o consumo de álcool a nível excessivo (ou até mesmo crónico), pode, sim, estar associado à redução da fertilidade feminina e ao desenvolvimento de distúrbios menstruais.

A infertilidade só acontece nas mulheres?

Segundo a OMS, cerca de 30% dos casos de infertilidade estão relacionados unicamente com os homens, 20% estão associados a casais, mulheres e homens em conjunto. Os restantes 15% são ainda de origem indefinida.

A infertilidade masculina é caracterizada como um síndrome multifatorial que pode estar associado a várias causas como mutações genéticas, doenças neurológicas, também o tabagismo e o uso de drogas ilícitas

O uso excessivo de álcool é também um dos fatores que podem influenciar a fertilidade dos homens.

É importante ressaltar que as anormalidades genéticas têm vindo a ser reconhecidas como principal causa da infertilidade masculina e que, na maioria dos casos dos homens que procuram ajuda em clínicas de infertilidade, estes acabam por ser portadores de problemas na produção do esperma.

Mais informações aqui.

O consumo de álcool também afeta a fertilidade masculina.

A professora Tina Kold Jensen, da University of Southern Denmark, divulgou um estudo realizado com homens jovens e saudáveis onde avalia a fundo o consumo de álcool e o impacto que pode gerar na procriação.

Foram avaliados mais de 1.200 homens entre os 18 e os 28 anos e, cerca de 60% afirmou ter abusado do álcool mais de duas vezes no mês anterior. Em média, cada entrevistado ingeriu 11 latas de cerveja na semana anterior aos exames.

Segundo o estudo, o consumo de álcool da semana anterior ao exame revelou mudanças importantes nas hormonas reprodutivas, verificando-se um aumento dos níveis de testosterona e diminuição de hormonas reprodutivas.

No grupo, quanto maior foi o consumo de bebidas alcoólicos, menor é a qualidade do esperma. Aqueles que ingeriram 40 latas de cerveja durante uma semana obtiveram uma contagem de esperma reduzida em 33% e uma queda de 51% na qualidade do mesmo- quando comprados àqueles que consumiram entre uma e cinco unidades.

“A nossa pesquisa mostrou uma queda de mais de metade do número de espermatozoides produzidos, assim como uma diminuição importante na percentagem de espermatozoides normais, de 4,6% para 2,7%.

Tina Kold Jensen
Posted by Renata Andrade in Temporada 2022/2023

Associação Salvador: a luta por um país sobre rodas

Todos os dias a cidade de Lisboa é percorrida por diversos voluntários da Associação Salvador, para a angariação de novos “amigos” para a associação e de mais contributos monetários para a defesa e desenvolvimento de melhores condições para as pessoas com deficiência motora.

A Associação Salvador nasceu em 2003 e foi fundada por Salvador Mendes de Almeida. Após ter sofrido um acidente que deixou Salvador tetraplégico com apenas 16 anos, este decidiu criar a associação de forma a desenvolver projetos na área da deficiência motora, que atuam em três áreas: conhecimento, partilha e sensibilização. As pessoas que tenham interesse em fazer parte da associação têm que pagar para usufruir daquilo que esta tem para oferecer.

Os amigos das pessoas com deficiência motora

O Factual acompanhou uma das ações de sensibilização e recrutamento, em frente à Estação de Entrecampos, onde a problemática se centrava nos transportes públicos. A falta de acessibilidade nos transportes como a escassez de elevadores e o não funcionamento das escadas rolantes e a difícil inclusão no mercado de trabalho são algumas das problemáticas apontadas pela voluntária Mariana Granja. “Não há fiscalização e há uma lei (das quotas) que não é cumprida”, referiu a jovem que considera que existe falta de apoios por parte do Estado. Acrescentou ainda que “uma cadeira de rodas custa entre quatro a seis mil euros e que, apesar do Governo ser obrigado a cedê-las, é um processo que demora entre sete a dez anos”. 

Nestas iniciativas são destacadas várias equipas que são enviadas para a rua, num projeto denominado de “Face to Face”. O objetivo da inscrição destes “amigos” é que possam contribuir monetariamente para ajudar a dar resposta aos desafios e casos diários que chegam a esta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). Neste momento a associação já conta com 3782 amigos.

O papel do Estado

Em declarações ao Factual, Mariana Corrêa Nunes, responsável de comunicação da Associação Salvador, destaca que “cerca de 80% das Câmaras Municipais não cumprem o plano de Acessibilidades”. Afirma que ainda há um longo caminho a percorrer e que o Estado falha essencialmente na fiscalização, “ninguém consegue identificar uma rua em Portugal que seja 100% acessível”.

Confira aqui parte da entrevista a Mariana Corrêa Nunes:

Neste momento está a decorrer uma petição que exige a revisão do Decreto-Lei das Acessibilidade, que pode assinar aqui.

Mariana conta ainda o caso impactante de um associado que passou grandes dificuldades ao longo da sua vida, antes de conhecer a Associação Salvador.

Uma luta pela empregabilidade

A Associação Salvador realiza feiras de emprego para a contratação de pessoas com deficiência motora e prepara os seus associados para o mundo do trabalho, através de formações e workshops em áreas como inglês, aprendizagem de Excel, entre outras, consoante a necessidade de cada um. Além disso, tem parceria com diversas entidades e empresas que contratam pessoas com deficiência motora ligadas à associação. Para já este projeto visa apenas as cidades de Lisboa e do Porto, em que se podem inscrever para ter acompanhamento na procura de emprego.

Quero ajudar e agora?

Como me poderei inscrever? Existem várias formas de poder ajudar a Associação Salvador. Entre elas, tornar-se “amigo”, através de um pequeno montante mensal, fazer um donativo, converter 0,5% do seu IRS ou até mesmo, caso faça parte de uma empresa, apoiar um projeto específico. Todas estas opções estão disponíveis no site da associação.

Artigo de Bárbara Galego e Raquel Almeida

Posted by Raquel Almeida in Temporada 2022/2023

Pedidos de ajuda alimentar aumentam em Portugal

A subida da inflação veio agravar a situação de muitas famílias portuguesas. O número de pedidos de ajuda alimentar tem vindo a aumentar. Um dos fatores é o salário baixo, que leva a população a viver em condições de vida precárias.

Numa altura em que o salário mínimo nacional é de 705€, as famílias portuguesas fazem contas ao dinheiro que sobra para adquirir bens essenciais. No entanto, perante as diversas despesas mensais em medicamentos, renda da casa juntamente com o aumento dos preços da água, da luz e dos alimentos, o montante disponível no final do mês acaba por não ser suficiente para cobrir todos os gastos, obrigando as famílias a ter de recorrer a ajudas externas a nível de bens alimentares.

Em Viana do Castelo os pedidos de ajuda têm aumentado desde a pandemia. Os responsáveis do Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora de Fátima afirmam, contudo, que em comparação com o ano passado, de 2021, o aumento não é significativo. As associações dizem ter sofrido um maior impacto relativamente às despesas, devido ao aumento dos pedidos de ajuda.

Associações têm mais pedidos do que durante a pandemia

Desde a pandemia da COVID-19, que as condições de vida dos portugueses têm vindo a decair, levando muitos a procurar ajuda externa. Rita Valadas, a atual Presidente da organização Cáritas Portuguesa, comenta que os pedidos de ajuda alimentar aumentaram significativamente após a pandemia e que “houve pessoas que deixaram de ter rendimento de todo”.

A ajuda vai chegando de todo o lado. Apesar das dificuldades económicas, a população continua a ajudar as associações contribuindo com alimentos e bens essenciais, bem como monetariamente.

Esta ajuda foi um suporte para muitas famílias durante os tempos críticos. E, mesmo perante uma crise económica, a possibilidade de voltar a trabalhar por já não estarem confinados em casa, levou a que muitas pessoas voltassem a ter rendimento e a conseguir ter forma de pagar as contas e os bens essenciais. “Agora as pessoas têm rendimento mas têm de geri-lo para satisfazer as necessidades básicas”, explica Rita Valadas.

Ajuda sem fronteiras: imigrantes também pedem auxílio

Portugal é um país multicultural e um bom anfitrião no que toca a acolher quem vem de fora. Em 2022, cerca de 700 mil pessoas que viviam em Portugal eram imigrantes. Este número tem crescido ao longo dos anos e, consequentemente, os pedidos de ajuda alimentar aumentam com a chegada destes imigrantes, que não conseguem arranjar emprego assim que chegam.

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Angola, França, Brasil, Moçambique e Venezuela foram os principais países de nascimento dos imigrantes que Portugal acolheu e mais de um terço nasceram num dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Preocupação com a saúde alimentar dos portugueses

O Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF 2015-2016) realizado pela Direção-Geral de Saúde, conclui que os portugueses não levam um estilo de vida saudável a nível alimentar, o que preocupa os profissionais de saúde.

“Ao comparar o consumo alimentar estimado pelo IAN-AF 2015-2016 para a população portuguesa com as recomendações preconizadas pela Roda dos Alimentos Portuguesa, é possível concluir que o consumo de ‘Fruta’ e ‘Hortícolas’ se encontra abaixo dos valores recomendados (13% vs 20% e 14% vs 23%, respetivamente) e que, pelo contrário, o consumo de “Carne, pescado e ovos” encontra-se acima dos valores recomendados (17% vs 5%).”

As pessoas optam por comprar alimentos de marcas brancas por serem ofertas mais baratas. A presidente da Cáritas, Rita Valadas, demonstra especial preocupação com as escolhas dos portugueses: “como os legumes são caros, as pessoas optam por não comprar para poupar e, aí, perdem qualidade alimentar, o que é complicado para quem tem problemas de saúde.”

“Relativamente ao consumo de fruta e hortícolas, 53% da população portuguesa não cumpre as recomendações preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para um consumo diário de pelo menos 400 g/dia de fruta e produtos hortícolas. Estes números são mais preocupantes para os grupos mais jovens da população, sendo que esta recomendação não é atingida por 69% das crianças e 66% dos adolescentes portugueses”, refere o estudo realizado pela DGS.

Por: Ana Fernandes e Carolina Piedade

Posted by Carolina Piedade in Temporada 2022/2023

Ronaldo e Messi juntos nos relvados mas nunca a jogar xadrez

A nova campanha da marca Louis Vuitton levou os melhores do mundo a defrontarem-se numa partida de xadrez, mas não juntos.

Num vídeo publicado ontem pela marca, os fãs mais atentos conseguiram perceber que, afinal, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi nunca se cruzaram na sessão fotográfica de promoção do baú da LV em que foi transportado o troféu do Mundial para o Catar.

Embora na imagem final os possamos ver sentados, frente a frente, a pensar na próxima jogada da partida de xadrez que disputam, os craques são mostrados no vídeo a serem fotografados sozinhos.

A fotografia de Annie Leibovitz, que já é considerada uma das imagens do século por juntar os dois maiores rivais da história do futebol, não passa, então, de uma montagem- o que veio desiludir os fãs.

Por detrás da fotografia partilhada nas redes sociais das estrelas do futebol, existia todo um significado subliminar ligado ao posicionamento das peças, que é calculado para retratar um jogo entre Magnus Carlsen e Hikaru Nakamura que terminou empatado. Assim como Ronaldo e Messi estão em termos de Mundiais, cada um com cinco.

Outro dos significados subentendidos seria o lema da campanha que é também o lema de vida dos jogadores: “A vitória é um estado de espírito”.

Toda esta significação acaba por cair por terra quando o foco se vira para o vídeo partilhado que acabou por roubar as atenções e fazer sombra àquela que é considerada uma das imagens do século.

Posted by Renata Andrade in Temporada 2022/2023

Mundial de 2022: Jogadores do Irão escolhem não cantar hino nacional em sinal de protesto

Jogadores iranianos recusam-se, nesta segunda-feira, a entoar o hino de seu país para se manifestaram contra a sentença de morte de Mahsa Amini.

No dia 21 de novembro, ainda no segundo dia de jogos do Mundial de 2022 no Qatar, os participantes da equipa iraniana, sob a direção de Carlos Queiroz tomaram a decisão de manterem-se em silêncio durante o hino do Irão. Esta decisão decorre em resposta à morte de Mahsa Amini, uma mulher de 22 anos, que foi alegadamente assassinada pelas forças de segurança do Irão por não fazer o uso da burca.

Em conferência de imprensa, nesta terça-feira, Carlos Queiroz respondeu à uma pergunta sobre o direito dos jogadores iranianos de manifestarem-se, ao dizer que os atletas possuem a sua liberdade de expressar-se durante os jogos. No entanto, em relação a defesa do direito das mulheres no Irão, o treinador desviou-se à pergunta se apoiaria os protestos do país com reação negativa.

Em apoio à posição dos jogadores do Irão, os atletas da seleção inglesa, equipa adversária, ajoelharam-se em respeito ao protesto e à situação que se está a decorrer no Irão. O apoio da seleção adversária também contou com os adeptos do Irão, que estiveram a gritar em protesto antes e durante o hino do Irão. Além disso, os manifestantes acusaram aqueles que não protestaram de serem “enviados pelo regime” para minimizar o protesto.

As manifestações no Irão, com início em setembro deste ano, são colocadas em memória da jovem, Mahsa Amini, assassinada pelo governo por não utilizar o código de vestimenta designado para mulheres no país. O movimento “Say her name“, direcionado a esta questão, ganhou mais intensidade nos últimos dias nas províncias de Kurdish, nas cidades de Mahabad, Bukan e Piranshahr, no Irão.

Ali Karimi, ex-jogador do Irão, também esteve a apoiar os protestos à distância, pois teve de sair do seu país quando estes começaram, por temer por sua vida. Ressalta-se que os manifestantes iranianos no jogo do Mundial de 2022 também estiveram a protestar no Qatar pela libertação do Irão e não apenas pela morte de Mahsa Amini.

Por Ana Haeitmann

Posted by Ana Haeitmann in Temporada 2022/2023

FIFA avança com sanções desportivas às braçadeiras arco-íris

Várias federações europeias tinham decidido utilizar braçadeiras multicolores no Mundial de Futebol, mas decidiram recuar, esta segunda-feira, após um comunicado emitido pela FIFA a proibir o seu uso.

A utilização de braçadeiras coloridas alusivas à igualdade e à comunidade LGBTQI+ pareciam um dado adquirido pelas várias federações europeias no Mundial2022 de Futebol, mas as recentes declarações proferidas pela FIFA, esta segunda-feira, fizeram com que as sete federações europeias recuassem na sua estratégia de vestimenta.

Segundo um comunicado da FIFA, divulgado esta segunda-feira (dia 21), o organismo máximo do futebol afirma que irá impor sanções desportivas se os capitães usarem as braçadeiras multicolores em campo, incluindo cartões amarelos automáticos. Em alternativa, a FIFA optou no sábado por apresentar as suas próprias braçadeiras para os capitães de equipa, com mensagens mais generalistas, tais como “Salve o Planeta”, “Educação para todos” ou “Não à discriminação”.

Hoje, a FIFA comunicou que os capitães usariam a mensagem “Não à discriminação” já a partir dos quartos de final da competição.

Em resposta ao comunicado da FIFA, a Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Países Baixos e Suíça dispensaram os seus capitães do uso da braçadeira, face à possibilidade de serem penalizados, mas referiram estar “frustrados” com a inflexibilidade demonstrada pela FIFA.

“Estamos muito frustrados com a decisão da FIFA, que acreditamos ser sem precedentes – escrevemos à FIFA em setembro a informar sobre o nosso desejo de usar a braçadeira One Love para apoiar ativamente a inclusão no futebol, e não tivemos resposta”, pode ler-se num comunicado divulgado pelo website SAPO24.

“Estávamos dispostos a pagar multas, no caso de incumprimento nas regras dos equipamentos, estávamos empenhados no uso desta braçadeira, mas não podemos colocar os nossos jogadores num cenário em que possam ser advertidos ou mesmo expulsos”, referem ainda as sete federações à Lusa.

Na rede social Instagram, já se podem ler vários comentários negativos relativamente à decisão tomada pela FIFA. Alguns internautas comentam, por exemplo, que “todo este cenário é grave e uma autêntica violação dos direitos humanos!!” e que “Acabou a coragem”. Confira, abaixo, os comentários deixados pelos internautas no post de Instagram do Jornal Público.

Recorde-se que a polémica em torno das braçadeiras multicolores alusivas à igualdade e inclusão não é recente. Desde que se iniciou o Mundial de Futebol, o Qatar (país anfitrião do evento) tem sido alvo de várias críticas, nomeadamente no que diz respeito às suas posições em matéria de direitos humanos, das questões LGBTQI+ e de abuso sobre os trabalhadores migrantes.

Perante este contexto, algumas federações uniram-se em setembro na vontade de se expressarem com a iniciativa ‘One Love’ (um amor) defensora da igualdade, em que eram apologistas do uso simbólico de uma braçadeira com a inscrição e as cores do arco-íris.

As sete federações europeias que pretendiam utilizar no Qatar esta braçadeira inclusiva renunciaram hoje ao seu uso, temendo procedimentos disciplinares no Mundial de Futebol 2022.

Posted by Bruno Neves in Temporada 2022/2023