O primeiro filme da realizadora luso-francesa Cristèle Alves Meira, “Alma Viva”, ganhou este fim de semana dois prémios internacionais, em festivais em Marrocos e em França.
No Festival de Cinema de Marraquexe, a longa-metragem conquistou o prémio do júri, presidido pelo realizador italiano Paolo Sorrentino. Já em França, no Festival de Cinema de Amiens, “Alma Viva” recebeu uma menção especial.
Este filme já tinha cinco distinções anunciadas no fim de semana, no festival Caminhos do Cinema Português, em Coimbra. Neste evento, venceu os prémios de melhor realização, argumento original, interpretação secundária para a atriz Ana Padrão, o prémio revelação para Lua Michel e o prémio da Federação Internacional de Cineclubes.
A realizadora recorreu à sua rede social Instagram para felicitar toda a equipa e expressar o seu contentamento face às repercussões positivas da sua primeira longa-metragem.
Produzida pela Midas Filmes em coprodução com França e Bélgica, esta longa-metragem foi escolhida para representar Portugal nos Óscares de 2023, o que é motivo de orgulho para a realizadora.
Claro que, de uma perspetiva mais individualista, a participação nestes eventos ajuda-me a avançar na carreira de cineasta, facilitando também o financiamento de outros filmes.
Cristèle Alves Meira, em entrevista à Agenda Cultural de Lisboa
“Alma Viva” está atualmente em exibição nos cinemas portugueses e conta a história de Salomé, uma menina, filha de emigrantes portugueses em França, que passa o verão numa aldeia com a avó, com quem tem uma forte ligação afetiva e espiritual. Salomé irá testemunhar a morte da avó e suspeita que esta foi envenenada por bruxaria por outra mulher da aldeia. Enquanto a família organiza o funeral, a menina acredita que está acompanhada pelo espírito da avó e tenta vingar a sua morte.
O filme retrata também a emigração portuguesa, a realidade das famílias que se separam, entre os que ficam e os que partem e das complexas diferenças sociais e económicas que daí nascem.
Em declarações à agência Lusa, em maio, Cristèle Alves Meira revela que a história do filme “foi completamente inspirada em histórias poderosas e misteriosas que ouvi ao pé da lareira. Essas histórias são quase como a memória arcaica de Portugal, a matriz da nossa cultura e eu queria voltar a essas tradições e contar essas histórias no cinema, para estar nessa transmissão de cultura”.