notícias

O Backstage das eleições

Tudo a postos para o dia do voto. Mas para isto acontecer foram necessárias várias horas de trabalho e de preparação. Afinal como é que tudo acontece?

Marta Rodrigues

Na escola básica e jardim de infância da Portela, o relógio marca as 09:00h da manhã de sábado, dia 29 de janeiro, quando os funcionários da Junta de Freguesia de Moscavide e Portela se juntam para começar a preparar as zonas de voto.

Nesta Freguesia, em Loures, existem quatro locais de voto. Na escola básica e jardim de infância da portela, na escola básica Dr. Catela Nunes e no Centro de dia social e comunitário de Moscavide, bem como na nova urbanização dos jardins do Cristo Rei.

São 20930 habitantes, de acordo com os censos de 2021, que se vão dirigir a estes locais para exercer o seu direito de voto.

Laurindo Tavares Semedo, de 42 anos, é Técnico na Junta de Freguesia de Moscavide e Portela, e é um dos responsáveis do Apoio ao Recenseamento e explica que “O dia da votação em si, nomeadamente a preparação da parte logística, inicia sensivelmente 3 semanas antes das eleições. E a organização para o dia do voto é efetuada através duma estreita articulação entre as Comissões Recenseadoras, das quais as Autarquias são parte integrante, as próprias Autarquias, os Municípios e a Administração Eleitoral.”

Além de toda a organização dos espaços, é necessário também organizar as listagens e as mesas de voto.

Nestas vão estar pessoas designadas pelos delegados dos partidos ou que se candidataram. Laurindo Semedo explica que, “Decorrente da lei eleitoral, os membros das mesas são designados mediante acordo por delegados dos partidos e candidaturas concorrentes à Eleição, e são escolhidos reunião convocada pelo Presidente da Junta de Freguesia.”

Estes cidadãos recebem por este trabalho, que é pago pelo Estado através das autarquias, e é possível que qualquer pessoa se candidate. “Numa primeira fase os membros são designados pelos partidos/ candidaturas, contudo existe uma bolsa de agentes eleitorais, onde qualquer cidadão pode se inscrever, podendo ser chamado por motivos de desistência ou indisponibilidade de qualquer membro nomeado, até às eleições.”

Para votar na Freguesia de Moscavide e Portela, é necessário que os cidadãos nacionais e portadores de títulos de residência, maiores de idade, tenham a sua morada relativa à área desta freguesia no seu documento de identificação e estejam recenseados nesta junta de freguesia. Salvo “na eleição dos Deputados à Assembleia da República, vulgo Legislativas, que apenas está prevista a votação dos eleitores nacionais e dos cidadãos brasileiros titulares do Estatuto de Igualdade de Direitos Políticos.”

No caso de não ter a sua morada atualizada, basta proceder à atualização da morada no seu cartão de cidadão, visto o recenseamento ser automático. No caso de ser um cidadão estrangeiro aí deve proceder à alteração de morada no seu título de residência e fazer o seu recenseamento junto dos serviços da Junta de Freguesia da sua nova residência. Mas, em ambos os casos, tenha atenção que qualquer alteração ao recenseamento está suspensa por um período de 60 dias antes de qualquer eleição, pelo que as mudanças apenas ocorrem fora deste período.

Depois de confirmar se a sua morada está atualizada e o recenseamento na junta de freguesia estiver feito, fará parte da lista de eleitores da Freguesia. É através destas listagens que os responsáveis pelo recenseamento como Laurindo Semedo, dividem as secções de voto. “A lista de eleitores consiste nos cadernos eleitorais de cada Freguesia, que são disponibilizados numa plataforma eletrónica, gerida pelo SIGRE (Sistema de Informação de Gestão do Recenseamento Eleitoral) que é um sistema da responsabilidade do Ministério da Administração Interna, responsável pela disponibilização e manutenção dos cadernos eleitorais. É assim que ficamos a saber quem são os eleitores”.

O voto antecipado.

No caso de não poder votar no dia das eleições, pode sempre pedir o voto antecipado.

Seja por mobilidade, ou seja, este voto permite aos eleitores recenseados, em território nacional, votar em qualquer ponto do País, independentemente de não ser a morada que consta no documento de identificação. Ou se por alguma razão não puderem ou simplesmente preferirem exercer o seu direito de voto mais cedo. Este voto contará na mesma para o círculo eleitoral em que está recenseado. Se, por exemplo, estiver registado no círculo eleitoral de Lisboa e votar antecipadamente no Porto, estará na mesma a eleger os deputados candidatos por Lisboa. Ou no caso dos Doentes internados em estabelecimentos hospitalares; presos não privados de direitos políticos; Eleitores em confinamento obrigatório e Eleitores internados em lares e instituições similares, que não se podem deslocar ao local de voto no dia designado. Nestes casos Laurindo Semedo explica que “Por norma estes votos são recolhidos pelos serviços camarários junto dos inscritos em colaboração com os serviços da administração eleitoral e/ou dos estabelecimentos aonde se encontram esses eleitores.”

No caso de estar no estrangeiro também pode votar antecipadamente juntos das representações diplomáticas, consulares ou nas delegações externas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, desde que se encontre nas seguintes condições:

No caso de estar no estrangeiro também pode votar antecipadamente juntos das representações diplomáticas, consulares ou nas delegações externas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, desde que se encontre nas seguintes condições: Se for estudante, investigador, docente e bolseiro de investigação em instituição de ensino superior, unidade de investigação ou equiparada reconhecida pelo ministério competente; Se estiver doente em tratamento; Se estiver no estrangeiro por inerência do exercício de funções públicas ou privadas; Se estiver em representação oficial de seleção nacional, organizada por federação desportiva dotada de estatuto de utilidade pública desportiva ou, por último, se vive ou acompanha os eleitores mencionados nos quatro pontos supramencionados.

Por norma o voto antecipado acontece uma semana antes do dia das eleições e carece de uma inscrição, só no caso de estar no estrangeiro é que não necessita de se inscrever, basta dirigir-se aos locais já acima mencionados com o seu cartão de identificação.

Para estas eleições a data de inscrição foi de 16 a 20 de janeiro, e foram mais de 310 mil as pessoas que se inscreveram para votar antecipadamente.

Voto em tempo de Covid-19.

Apesar de estarmos em pandemia, o voto está garantido a todos os eleitores, independentemente de se encontrarem em confinamento obrigatório, seja por um resultado positivo seja por ser um contacto de risco.

Desta forma, os eleitores confinados devem dirigir-se às urnas na última hora funcionamento das assembleias de voto, isto é, entre as 18h e as 19h do dia 30 de janeiro. Não é uma regra, mas uma recomendação de horário, dada pelo Governo no seu Comunicado do Conselho de Ministros.

Devido a esta questão, a junta de freguesia de moscavide e portela está a preparar tudo para que o voto decorra em segurança. “Além das medidas que já vêm sendo implementadas como o distanciamento através de marcações de filas, Gel desinfetante e máscaras/Viseiras, serão ainda adicionados material extra de proteção para os membros de mesa, nomeadamente óculos, batas e luvas, além de luvas e viseiras para todos os funcionários que darão suporte ao ato eleitoral, além dum esforço redobrado de limpeza e monitorização dos espaços afetos aos locais de voto.”

No dia, todos os cidadãos, serão obrigados à utilização de máscara de proteção FFP2 ou cirúrgica, visto que as sociais não estão permitidas, e pede-se que levem a sua caneta. Na Freguesia de Moscavide e Portela será ainda fornecido aos eleitores que não a tenham, uma máscara.

Chegou o dia, como tudo acontece?


O dia de voto, na Junta de Freguesia de Moscavide e Portela começa às 06:30h. A esta hora a junta abre as instalações dos locais de voto. Pelas sete da manhã os membros das mesas reúnem-se nas secções de voto. De seguida a Junta de Freguesia procede à distribuição dos votos antecipados aos Presidentes das Mesas e procede-se à primeira verificação da presença dos membros de mesa, iniciando-se as operações de registo e descarga dos votos antecipados por cada uma das mesas.

Às oito da manhã a votação inicia com a abertura das secções de voto, mas sem não antes de proceder à segunda verificação da presença dos membros de mesa. É também a esta hora que se procede à substituição dos membros de mesa faltosos, caso existam.

Das oito da manhã até as 19:00 horas decorre a votação. Depois, chegam aos locais de voto os serviços do Município com a polícia de segurança publica, para a recolha dos votos e do restante material das mesas. É aqui que começa a contagem dos votos e a verificação do material.” Os votos são contados minuciosamente após o fecho das votações pelos membros de mesa, para fins de apuramento provisório, além de recontados no tribunal para fins dos resultados definitivos”, ou seja, após a contagem a Junta comunica ao Município os resultados provisórios e procede-se ao fecho das secções de voto e à colocação dos editais destes apuramentos provisórios.

Esta primeira contagem é vigiada e contada pelos próprios membros da mesa, por isso é fundamental que a escolha destes membros cumpra um critério. “A pluralidade obrigatória na escolha destes membros exige que em cada mesa estejam membros indicados por diferentes partidos/candidaturas, exatamente para existir um escrutínio sobre o trabalho dos seus pares, acresce ainda que normalmente estão acompanhados por delegados designados pelos partidos/candidaturas concorrentes que acompanham todo o processo de votação nas mesas.”

E no caso de existir algum problema com a contagem, Laurindo Semedo afirma que “Recontam até estar tudo certo, as irregularidades que possam advir são registadas em ata pela mesa e remetidas para escrutínio do tribunal competente.”

É então após todo este processo que são entregues, pelos presidentes de mesa, os votos, em envelopes próprios e lacrados, para que sejam levados pela polícia até à assembleia de apuramento, o Tribunal, onde será feira a recontagem.

O voto é um direito e um dever de todos.

Caso ainda tenha alguma dúvida, não se preocupe. Nos dias das eleições, e pela lei, as juntas de freguesia têm de estar abertas de maneira a informar os eleitores sobre o seu local de voto, além de que nos recintos desses locais existem sempre funcionários de maneira a ajudar os eleitores. E caso tenho alguma deficiência motora ou visual ou necessite de algum apoio especial nesse dia as juntas de Freguesia disponibilizam vários tipos de apoio. No caso da Freguesia de Moscavide e Portela “disponibilizamos nestes locais, tecnologias de apoio à mobilidade, nomeadamente, cadeira de rodas e naturalmente temos funcionários que podem ajudar os cidadãos com dificuldades de mobilidade. Vamos estar prontos para ajudar qualquer um dos nossos eleitores.”


Após toda esta preparação é altura de terminar e voltar a arrumar tudo. Na freguesia de Moscavide e Portela o trabalho é normalmente efetuado no dia seguinte, “pelos serviços da Junta de Freguesia enquanto membros da Comissão Recenseadora.”

Caso ainda tenha alguma dúvida pode sempre contactar a linha de apoio ao eleitor, 808 206 206, ou enviar email para adm.eleitoral@sg.mai.gov.pt, bem como visitar o site do Portal do Eleitor.

Caso tenha dúvidas sobre o local a que se deve dirigir para votar, basta enviar uma mensagem de texto, gratuita, através do seu telemóvel para o número 3838. Na mensagem deve escrever: RE (espaço) número do Cartão de cidadão (espaço) data de nascimento no formato AAAMMDD,  a sua mensagem deve assemelhar-se a esta: RE 12345678 19900204, e enviar.

A resposta será imediata e irá mostrar-lhe qual o local onde se deve dirigir para votar, bem como qual a secção.

Actualização

Na Freguesia de Moscavide e Portela as urnas fecharam às 20:00 horas, e o vencedor da noite foi o Partido Socialista.

Na freguesia a taxa de votação foi de 65,71% dos eleitores.

Posted by Marta Rodrigues in notícias, Temporada 2021/2022

Maioria absoluta e agora?

António Costa pediu maioria absoluta e o eleitorado assentiu. Agora a tomada de posse e a apresentação do novo executivo estão para breve se cumpridos os prazos estabelecidos na Lei Eleitoral.

Para quando a constituição da nova Assembleia da República?

Dependendo da celeridade dos procedimentos a Assembleia da República pode constituir-se nas próximas três semanas. Tendo as eleições decorrido no passado dia 30 de janeiro prevê-se que até dia 9 de fevereiro haja um apuramento geral dos votos, ainda assim há que reforçar que, de acordo com a lei eleitoral, os procedimentos possam ficar concluídos antes dessa data, uma vez que o limite estabelecido é de dez dias.

Ainda neste âmbito, aquando do apuramento dos votos a ata é remetida para a Comissão Nacional de Eleições (CNE) no prazo máximo de dois dias após a contabilização total dos votos tal como previsto no artigo 113º/2 e com o documento na sua posse a CNE dispõe de oito dias para publicação do Mapa Oficial das Eleições no Diário da República (art.º 115).

Após essa publicação, aguarda-se três dias e a nova Assembleia pode reunir-se pela primeira vez. De salientar, que o mesmo dia fica também marcado pelo momento da eleição do Presidente da Mesa da AR.

Cumpridos os prazos estipulados prevê-se que o calendário seja o seguinte:

Tomada de posse de António Costa e o novo Governo

Face à maioria absoluta alcançada pelos socialistas prevê-se que António Costa seja nomeado nos próximos dias, mas até lá deverá exercer de forma limitada as suas funções.

Numa primeira fase, caberá ao Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, reunir com todos os partidos com assento parlamentar e após essa reunião nomear o Primeiro-Ministro.

Posteriormente está nas mãos do Chefe do Executivo formar o governo e cabe a Marcelo Rebelo de Sousa dar posse a António Costa. Relativamente ao programa este tem de ser apresentado na AR dez dias depois do novo governo ser empossado o que pode acontecer, no máximo, a 22 de fevereiro.

De reforçar, que o Executivo apenas pode entrar em plenas funções após a aprovação do programa pelo Parlamento.

O Orçamento que interrompeu a legislatura

O Orçamento de Estado foi o centro das atenções dos portugueses no final do ano de 2021. A tentativa da sua aprovação levou a um desfecho inesperado de uma dissolução da Assembleia da República e da marcação de eleições antecipadas.

António Costa referiu por várias vezes nos seus discursos de campanha e debates, o Orçamento que não havia sido aprovado, mostrou-o e afirmou que o levaria igual à Assembleia da República assim que fosse estabelecida.

Com as eleições encerradas e uma Assembleia que irá reunir-se a 22 de fevereiro, o Orçamento redigido será discutido primeiramente com o novo governo formado, seguindo-se uma discussão no Parlamento, o que pode ocorrer tanto no final de fevereiro como no início de março, conforme os prazos da Lei Eleitoral.

Após redigir o orçamento que sofrerá poucas alterações, como tem vindo a referir António Costa, a discussão dará lugar à aprovação, agora facilitada e acelerado com a maioria absoluta, seguindo-se a aprovação do Presidente da República. A entrada em vigor do Orçamento é ainda indefinida, pelos processos que enfrenta, pelo que poderá estar em vigor em abril, num cenário mais otimista, ou em maio num cenário mais morosos de discussão e apreciação.

O que acontece aos derrotados das eleições?

As mudanças nestas legislativas causaram polémica e dissabores, e grandes partidos sofreram fortes quedas e perdas. Envergam no caminho da reunião, discussão, alteração e procura de soluções.

O PSD, já envolvido em batalhas internas antes destas eleições começa a agitar-se e o deputado Pedro Rodrigues pediu, esta segunda-feira “a convocação urgente” de um Congresso para discutir a reconstrução do partido, procurando encontrar as causas que levaram a este desfecho e procurar soluções.

O CDS que ficou marcado com esta eleição não garantido assento parlamentar, perdeu o líder Francisco Rodrigues dos Santos e o futuro do partido é incerto.

Os partidos que na legislatura que se iniciou em 2015 fizeram parte da famosa geringonça ficaram enfraquecidos com a perda de representação parlamentar. O Bloco de Esquerda, que teve uma das maiores quedas, perdendo 11 deputados, convocou uma reunião da comissão política que irá reunir esta segunda-feira para analisar a derrota. Contudo, ao contrário do que acontece nos partidos acima referidos e segundo Catarina Martins, a liderança não está posta em causa. De acordo com a bloquista, a mudança na coordenação não é uma prioridade e que os resultados eleitorais nunca foram fator decisivo para escolhas de liderança, e que a direção atual comporta todas as responsabilidades do sucedido neste ato eleitoral.

Posted by Filipa Venâncio in notícias, Temporada 2021/2022

Associação de Cegos denuncia irregularidades

Após a polémica dos boletins de voto em Braille não apresentarem todos os partidos, a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) veio agora denunciar várias irregularidades nas mesas eleitorais relacionados com a matriz de voto em Braille, e voltou a criticar a falta de planeamento da Administração Eleitoral.

“Em algumas mesas, o direito de voto acompanhado pelas pessoas com deficiência visual tem estado a ser posto em causa”, contestou a ACAPO.

A ACAPO refere que a matriz de voto que lhe foi facultada em dezembro pela Administração Eleitoral “corresponde apenas a um dos vários círculos eleitorais”, o que tornou impossível “confirmar a disposição de todas as candidaturas em todas as matrizes e nas respetivas folhas explicativas”.

Já anteriormente a Associação tinha denunciado problemas à Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) sobre as condições de voto antecipado para as pessoas invisuais.

De acordo com um comunicado divulgado pela ACAPO no passado dia 17, as pessoas com deficiência visual “estão impedidas de solicitar, pela Internet e das mesmas formas que qualquer outro cidadão, o seu voto antecipado”, voltando assim a apresentar queixa por discriminação contra a SGMAI.

Neste comunicado, a associação recorda os problemas em atos eleitorais anteriores, como nas eleições autárquicas de setembro de 2021, denunciando barreiras que impossibilitavam os cidadãos cegos e com baixa visão de requerer online o voto antecipado ou de consultar o seu local de recenseamento, devido ao facto de ser solicitado um código de segurança presente numa imagem que não conseguiam ler sem ajuda.

“As pessoas com deficiência visual estão, pois, impedidas de solicitar, pela Internet e das mesmas formas que qualquer outro cidadão, o seu voto antecipado porque, apesar de saber deste problema há mais de um ano, o Estado português nada fez nesta matéria, que permanece assim desde 2019″, denuncia a ACAPO, acusando o Estado português de violação dos direitos humanos ao não respeitar as convenções internacionais nas quais se prevê voto e acesso a meios digitais em igualdade para todos os cidadãos.

Posted by Erica Fialho in notícias, Temporada 2021/2022

Pedrógão Grande: Ex-presidente da câmara condenado

Valdemar Alves, ex-presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, foi condenado, esta segunda-feira, a uma pena única de sete anos de prisão pelo Tribunal Judicial de Leiria. O processo em questão refere-se à reconstrução das casas após os incêndios de 2017.

O antigo autarca foi condenado por 20 crimes de prevaricação de titular de cargo politico, 20 crimes de burla qualificada, cinco dos quais na forma tentada e outros 20 de falsificação de documentos.

Bruno Gomes também foi condenado pelos mesmos crimes mas a pena única aplicada ao ex-vereador foi de seis anos.

O Ministério Publico acusou 28 arguidos, dos quais 14 foram absolvidos e 14 condenados. Apenas dois foram condenados a penas efetivas, os restantes estão com pena suspensa.

No final do julgamento, Valdemar Alves mostra-se indignado com a decisão:

“Isto foi uma surpresa. Não tenho palavras para isto. É [pena] demasiado pesada”

Valdemar Alves, ex-presidente CM Pedrógão Grande

O antigo autarca avançou, ainda, que “vai conferenciar com o advogado” mas que a decisão judicial vai ser alvo de recurso.

À semelhança do ex-presidente, o advogado de Bruno Gomes considerou a pena de 6 anos aplicada ao ex-vereador pesada e por isso afirmou também recorrer da decisão.

“Não estávamos à espera de uma decisão com esta gravidade, com este peso”

Victor Faria, advogado do ex-vereador Bruno Gomes

Posted by Carolina Santos e Santos

cobertura em directo

arquivo da transmissão em directo na noite eleitoral

Posted by Factual in notícias, Temporada 2021/2022

Marcelo Rebelo de Sousa: “Ninguém tem que ter medo do voto dos portugueses porque isso é ter medo da Democracia.”

O Presidente da República exerceu o seu direito de voto às 13:15 em Celorico de Basto, na freguesia de Molares, Braga onde está recenseado há 26 anos. Nesta freguesia votaram apenas 120 dos 500 eleitores inscritos um número que se encontra muito abaixo se comparado com anos anteriores.

À porta das urnas o Chefe de Estado insistiu na importância do voto dos portugueses com destaque para aqueles que se encontram isolados “espero que seja possível entre as 06h e as 07h da tarde que muito desses portugueses venham votar. Têm esse direito! Há um sistema de segurança que permite vir, não prejudicando ninguém.”

Quanto à impossibilidade de alguns portugueses espalhados pelo Mundo votarem, o Chefe de Estado, lamentou e admitiu que são questões que o Parlamento deve pensar no futuro.

Posted by Filipa Venâncio

Inês Sousa Real “O fantasma da abstenção não pode sair, mais uma vez, vencedor”

A porta-voz do PAN votou por volta das 11:15 , em Telheiras.

À saída das urnas, Inês Sousa Real, apelou à mobilização dos cidadãos:

“Hoje é um dia muito importante para a Democracia no nosso país, é importante para que os portugueses possam votar nas suas causas e naquilo em que acreditam”.

Quando questionada sobre a obrigatoriedade do uso de máscara cirúrgica ou FFP2 e do facto de não estar a cumprir com as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS), a Líder do PAN, garantiu ” Temos usado as máscaras de pano que têm todas as condições para o efeito até por uma questão ecológica. Estamos a atravessar um crise sanitária, mas a ecológica não desapareceu como pano de fundo e as máscaras descartáveis têm esse revés”.

Posted by Filipa Venâncio in notícias, Temporada 2021/2022

Catarina Martins já exerceu o seu direito de voto

A líder do Bloco de Esquerda votou pelas 09:36, na Escola Secundária Almeida Garrett, em Vila Nova de Gaia e apelou ao voto de todos os portugueses “Quem está isolado que venha votar com esse direito que lhe foi reconhecido. Votar é seguro, que ninguém fique em casa para que depois também não haja um governo que se possa esquecer dos problemas do país”.

A bloquista enviou também uma mensagem a todos aqueles que se encontram nas mesas de voto “É um trabalho tão importante e hoje é dia de agradecer por um gesto tão generoso para a Democracia”.

Posted by Filipa Venâncio in notícias, Temporada 2021/2022

Portugueses com dificuldade em votar no estrangeiro

Os portugueses residentes no estrangeiro queixam-se que não receberam o boletim de voto pelo correio e quem tentou votar presencialmente este fim-de-semana não conseguiu, uma vez que o prazo para a inscrição terminou a 5 de dezembro. Só em Madrid cerca de 40 eleitores admitem não ter recebido o boletim para voto postal, mas o Ministério da Administração Interna (MAI) alega que enviou 42.632 boletins de voto para Espanha nos dias 2 e 3 de janeiro. No Reino Unido e Países Baixos também foram relatados problemas.

Nos Estados Unidos da América (EUA) apenas 189 dos 62 mil eleitores registados votaram presencialmente, em Moçambique apenas 98 portugueses num universo de dez mil votaram e em Bruxelas dos 18 mil cidadãos recenseados no consulado português, só 69 manifestaram a sua intenção de votar presencialmente.
De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) todas as cartas foram enviadas e quem não se encontra inscrito presencialmente não poderá exercer o seu direito de voto.
Berta Nunes, Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, garante que relativamente ao voto por correspondência os boletins foram remetidos por correio e quem não conseguiu votar presencialmente deveria ter-se inscrito com antecedência. A Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas lamenta que algumas pessoas não tenham estado atentas, porquanto toda a informação foi disponibilizada atempadamente.

Posted by Filipa Venâncio in notícias, Temporada 2021/2022

O isolamento profiláctico e o direito ao voto

Numa decisão excepcional, os eleitores em situação de confinamento poderão votar presencialmente nas eleições legislativas de janeiro. Esta resolução é o culminar de um longo processo deliberativo com várias propostas em cima da mesa, e abre a porta à consideração de modalidades de voto alternativas em futuras eleições.

A aprovação do voto em isolamento surge como consequência de duas crises: a política, com a dissolução da Assembleia da República e a antecipação das eleições legislativas, e a sanitária, com casos de infecção por Covid-19 a quebrar recordes diariamente.

A proposta que visava permitir o voto em confinamento, através da prorrogação do regime excepcional de exercício de direito de voto, foi aprovada a 15 de Dezembro e provocou um debate aceso sobre os possíveis conflitos entre o direito à saúde e o direito ao exercício de voto.

Apesar de resolver o problema dos eleitores isolados e dos idosos institucionalizados, a medida não prevê soluções para a questão dos infectados nos sete dias anteriores.

A Lei Eleitoral não permite alterações depois de convocadas eleições, e a Comissão Permanente que entrou em funções desde a dissolução do Parlamento não tem poderes para mudar as leis eleitorais. Ainda assim, as propostas por parte de partidos políticos e autoridades sanitárias multiplicam-se.

Recolhemos, neste guia, algumas propostas dos deputados e partidos com representação parlamentar.


Em vários países do mundo onde decorreram eleições durante o primeiro ano de pandemia, foram sugeridas e praticadas soluções para um exercício de voto igualmente acessível a todos os eleitores.

  • VOTO ANTECIPADO

Em Portugal, tal como em várias partes do mundo, esta modalidade de voto foi disponibilizada aos eleitores confinados. No entanto, só é possível votar antecipadamente se o isolamento tiver sido decretado até dia 22 de janeiro – sete dias anteriores à data das eleições.

  • VOTO POR CORRESPONDÊNCIA

Esta modalidade consiste na recepção de um boletim de voto no local de residência do eleitor. Entre 2020 e 2021, 16 países recorreram a este método, com níveis de sucesso variáveis.

  • VOTO POR PROCURAÇÃO

Significa a delegação de autoridade de voto a um representante do eleitor, embora as regras e requerimentos variem de país para país.

  • VOTO NO DOMICÍLIO

Este método de recolha de votos, que implica o transporte de urnas móveis ao local de residência do eleitor, já aconteceu em Portugal em eleições anteriores. Pelo mundo fora, revela-se uma modalidade de voto igualmente popular, com sucesso em mais de 20 países.

  • DRIVE THRU

Os postos drive thru, como os instalados em Portugal para a realização de testes à Covid-19, foram repensados noutros países como assembleias de voto para pessoas infectadas ou em isolamento. Os eleitores acedem a estes postos de carro ou, no caso dos Países Baixos, até de bicicleta.

  • SECÇÕES DE VOTO ESPECIAIS

Alguns países permitiram que cidadãos infectados ou em isolamento cumprissem o seu exercício de voto através do estabelecimento de um horário específico para estes eleitores. Já em 2021, também a Catalunha e Madrid adoptaram este método.

A última opção, relativa às secções de voto especiais, acabou por ser a escolhida para as eleições legislativas portuguesas.

Dia 20 de janeiro de 2022, o Conselho de Ministros aprovou a resolução que concede a título excepcional o direito de exercício de voto presencial a todos os eleitores, incluindo os infectados e os sujeitos a confinamento obrigatório.

  • Em que dia?

No dia designado para as eleições legislativas: 30 de janeiro.

  • A que horas?

A DGS recomenda que o acesso às urnas seja feito, preferencialmente, na última hora de votação: entre as 18:00h e as 19:00h.

  • São necessários cuidados especiais?

Apesar de o Governo e a DGS garantirem todas as condições sanitárias e de saúde e segurança públicas na realização do acto eleitoral, as pessoas infectadas e/ou confinadas deverão cumprir todas as medidas de controlo da pandemia e evitar o contacto com os demais cidadãos. Assim:

– Deverão ser usadas, permanentemente, máscaras cirúrgias ou FP2;

– A deslocação às urnas deverá ser feita através de transporte individual ou a pé. Os transportes colectivos ou individuais de passageiros devem ser evitados;

– No local da votação, deve ser mantida a distância dos demais e reforçada a higiene e desinfecção das mãos.

Face a esta decisão, a opinião dos eleitores divide-se. A uma amostra de 50 eleitores da Freguesia de Rio de Mouro, no Concelho de Sintra, foi proposta a seguinte questão:

Dia 20 de janeiro, foi divulgada a decisão governamental de permitir o voto presencial aos eleitores em situação de isolamento, através da recomendação de um horário específico para esta fatia da população. Concorda com a solução apresentada?

A percentagem que afirmou concordar (43%) argumentou a sua posição com estes factores:

  • Confiança nas medidas sanitárias adoptadas pelas juntas de freguesia
Ping Chen, Estudante, 25 anos
  • Constitucionalidade do direito ao voto
Miguel Gutierrez, Designer gráfico, 26 anos
  • Importância do voto presencial

Estar lá, no local de voto… é muito melhor. Não há tantas hipóteses de acontecerem erros ou fraudes”. Andreia Almeida, Cozinheira, 43 anos

  • Confiança na eficácia da vacina

Apesar de todas as infecções que esta vaga [Omicron] trouxe, estamos vacinados e a doença já não traz sintomas tão graves. Não há razão para ter tanto medo como antes”. Inês Pereira, Veterinária, 36 anos

  • Impossibilidade logística de outras opções

O que é que poderiam fazer? Não quero estar misturado com os infectados, e também percebo que não haja recursos para outras opções como o voto porta-a-porta”. Ângelo Seiça, Gestor financeiro, 52 anos

Os inquiridos que manifestaram dúvidas relativamente à decisão governamental mas optaram por não responder favorável ou desfavoravelmente (28%) e os inquiridos que afirmaram não concordar de todo (20%) expressaram preocupações semelhantes entre si.

  • Incumprimento do horário por parte dos eleitores infectados

Quem é que me garante que os infectados vão na hora estipulada e não noutra altura? Quem é que garante o transporte até às mesas de voto? Como é que podemos saber se estamos realmente em segurança?” Alcina Pereira, Reformada, 73 anos

  • Estigmatização dos eleitores que exerçam o seu direito de voto no horário entre as 18h00 e as 19h00
Maria da Silva, Auxiliar escolar, 55 anos
  • Receio pela segurança dos membros das mesas de voto

Mesmo com máscaras e álcool-gel, quem é que garante a segurança dos membros das mesas de voto, que vão estar em contacto próximo com milhares de infectados?” Pedro Lourenço, Estudante, 26 anos

  • Receio que a abertura desta excepção conduza à quebra de regras da DGS

Se o Governo diz que afinal podemos ir à rua para votar, é claro que há pessoas que vão aproveitar esta excepção para começarem a fazer o que querem. Primeiro saem para votar, depois começam a sair para fazer compras…” Ana Abrantes, Professora, 41 anos

A grande maioria dos inquiridos, independentemente da resposta cedida, parece concordar num ponto essencial: a necessidade de ponderar formas alternativas de votação. Desde o voto ao domicílio ao voto electrónico, o voto presencial é cada vez mais considerado um método “arcaico” que, em particular no contexto pandémico, nem sempre se revela o mais eficaz.

Vera Silva, Esteticista, 42 anos
Adriano Paredes, Desempregado, 58 anos

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) faz eco desta ideia. Luísa Salgueiro, a Presidente, garante que a Associação vai apresentar propostas de voto ao Parlamento, após um estudo cuidadoso da situação.

Em declarações à Rádio Renascença, sublinha que os métodos de voto devem adequar-se ao desenvolvimento tecnológico e às especificidades do contexto pandémico. Entre as alternativas possíveis, cita o voto electrónico e o drive thru como soluções plausíveis que, de resto, já obtiveram sucesso em diversas partes do mundo.

A Presidente da ANMP, Luísa Salgueiro, em entrevista à Rádio Renascença.
Posted by Carolina Figueiredo in notícias, Temporada 2021/2022